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Internacional

Crônica | Viagem à Palestina: parte I – Identidade

Uma noite em um vilarejo palestino, cheia de nuances, aromas e expressões de significado poético, religioso e amoroso

05.nov.2019 às 15h58
Cisjordânia
Jamil Abdalla Fayad e Yasser Jamil Fayad
"O som do idioma árabe preenche todos os sentidos, parece areia saindo da boca das pessoas"

"O som do idioma árabe preenche todos os sentidos, parece areia saindo da boca das pessoas" - FEMCAI

Cisjordânia, agosto de 2019.

Já era noite em Beit Ur al-Tahta, esse pequeno vilarejo situado a cerca de 12 quilômetros a oeste de Ramallah. A temperatura já se tornara agradável, em contraste com o calor do dia, dando a todos um alívio merecido e uma disposição renovada para caminhar. Nessa época do ano, que compreende a estação da seca, é assim durante as noites – a atividade é mais intensa para aqueles que podem fugir do calor do dia. Foi caminhando que decidimos nos dirigir à antiga casa da família do nosso anfitrião, local que guarda sentimentos profundos e vários acontecimentos, como o nascimento do próprio tio Khader. 

A velha residência da família Othman havia sido toda restaurada à sua antiga glória, sendo a única das antigas casas do vilarejo nessa condição. Não se sabe ao certo quantos anos aquela casa possui, contudo estima-se mais de 150 anos, dada a idade dos antepassados que viveram ali. A casa toda é de pedra ao estilo típico da região, com dois pisos e um grande pátio interno rodeado por muros de pedras. Sua composição é a de um complexo de quartos anexos a uma residência principal e mais antiga. Nessa última, a disposição é também de dois pisos, sendo que o inferior era destinado aos animais (cavalos, vacas, ovelhas) e, logo acima, o piso em que a família dormia. Essa configuração ajudava a manter aquecido o ambiente durante o inverno ao mesmo tempo em que protegia os valiosos animais de perigos como os lobos.

Nas noites de hoje, o espaço se transforma no local de encontro dos homens da vila, que usam o grande pátio como um estabelecimento similar a um “café”. Algo que impressiona muito é a luminosidade alta devido à capacidade que as pedras brancas têm de refletir a luz, dando a impressão de ser dia. A atmosfera do ambiente é familiar, pois nessas pequenas vilas palestinas praticamente toda a população se conhece, quando não, de uma forma ou de outra, são aparentados. Assim, ao sentarmos na primeira mesa junto à entrada do corredor de acesso ao pátio, na companhia dos mais velhos – o anfitrião tio Khader Othman, tio Kalil Osman, tio Fauwzi Mustafa El-Mashni  e tio Mohammed Mustafa El-Mashni – nos surpreendemos com a quantidade de primos, sobrinhos, netos e toda a espécie de parentes que emergiam durante toda a noite.  Do meu lado, tio Kalil (irmão de tio Khader) prepara, a seu modo, o narguilé. Logo reclama do tipo de fumo, argumentando ser inapropriado para um bom paladar. Também protesta contra o tipo e a posição da pedra de carvão, que, segundo ele, resseca o fumo muito rapidamente, deixando explícito que o cliente em questão, além de exigente, é um mestre na arte do narguilé. A fumaça de cheiro adocicado impregna o meio. Como se trata de uma vila islâmica, não existe álcool nas mesas. Em compensação, o narguilé está presente em praticamente todas.

É possível ver também, nas mesas ao lado, as pessoas jogando gamão, algumas compenetradas na disputa do jogo e outras esperando o vencedor para ser o próximo oponente. As bebidas consumidas em abundância são o chá ou o café árabe, ambos com aromas e sabores próprio da Palestina. O chá é acompanhado por uma erva aromatizante chamada Maramia, que dá um gosto peculiar à bebida, habitualmente bastante açucarada. Quanto ao café, o sabor é impregnado por especiarias, que são moídas e misturadas junto para lhe dar essa peculiaridade característica da bebida palestina. O próprio modo de preparo, que não envolve filtração do pó. é também particular em toda a região árabe. O cardamomo é a especiaria mais usada e que mais se sobressai, tanto no aroma quanto no sabor, e é, de longe, a mais tradicional e amada por aqui.

A conversa flui entre todos, o som do idioma árabe preenche todos os sentidos, parece areia saindo da boca das pessoas, o que é compreensível para uma língua que nasceu no deserto. É cheio de nuances e expressões de significado poético, religioso e amoroso, tem cheiro de zaatar e, na Palestina, gosto de azeite, acreditem em mim!

De repente, um som oriundo do minarete da Mesquita rompe a noite com seu chamado a Salah Isha (última oração do dia) – esse chamamento é conhecido como azâân, trata-se de um som melódico apenas entoado pela voz do muezim. Esse chamamento é o mesmo desde a época do Profeta, foi Bilal (ex-escravo e Etíope) que subiu na Kaaba, no momento mais importante da história islâmica com o Profeta vivo – a entrada triunfal em Meca – e o entoou. As pessoas respondem a esse chamado com as expressões religiosas Allahu Akbar ("Deus é grande") e lā ilāha illā allāh ("Não há outra divindade a não ser Deus”). Nesse exato momento, em que ouvimos toda a beleza do azâân, adentra ao recinto um grupo de jovens que, ao nos verem, dirigem-se respeitosamente com a saudação Salaam Aleikum ("Que a paz esteja com vocês"), cumprimento típico dos muçulmanos e que remete ao encontro celestial entre os profetas Mohammed e Ibrahim (Abraão) – que a paz esteja com eles.

Editado por: Lia Bianchini
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