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Dirigente do MST vê Lula "ansioso, mas sem criar expectativas" sobre votação no STF

João Paulo Rodrigues visitou o ex-presidente nesta quinta-feira (7) e defendeu o reconhecimento da inocência do petista

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Paulo Okamotto (esq.), Gleisi Hoffmann (cen.) e João Paulo Rodrigues (dir.) na porta da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR)
Paulo Okamotto (esq.), Gleisi Hoffmann (cen.) e João Paulo Rodrigues (dir.) na porta da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) - Foto: Ricardo Stuckert

Nesta quinta-feira (7), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a visita de três amigos e companheiros de militância. Preso há 579 dias, Lula conversou com João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. 

Um dos principais assuntos do encontro privado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) foi a sequência do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão para execução da pena após condenação em segunda instância. O resultado pode libertar quase cinco mil pessoas encarceradas sem condenação em definitivo, entre elas o ex-presidente Lula. 

Rodrigues contou que, apesar da ansiedade sobre a decisão do STF, Lula prefere não criar expectativas. O desejo do ex-presidente, segundo as lideranças, é, acima de tudo, ter sua inocência provada. "Nós encontramos, como sempre, um grande dirigente político e um grande companheiro. Muito atento a todas as questões envolvendo o país e, claro, [com] aquela pequena ansiedade sobre esse julgamento que está acontecendo hoje". 

"Eu saio dessa visita acreditando que é a última que nós estamos fazendo nessas quintas-feiras. Mas, acima de tudo, mesmo com a vitória hoje, nós queremos a anulação dos processos e que [Sergio] Moro seja processado e pague pelo que ele fez --- não só ao presidente Lula, mas pela perseguição a toda a esquerda”, afirmou o dirigente do MST. 

Com placar empatado no STF (5 a 5), a decisão depende agora do presidente da Corte Dias Toffoli. A presidenta nacional do PT argumentou que a luta por Lula livre é também pela liberdade do povo brasileiro. Hoffmann afirmou que a possível soltura de Lula traz força e otimismo, mas também muito mais desafios. 

"A expectativa do julgamento de hoje não é em relação a ele, mas ao país, à nossa democracia e à recolocação do princípio constitucional do trânsito em julgado e da presunção de inocência. O que nós queremos é que ele saia da cadeia com seus plenos direitos", sinalizou a deputada federal, que visitou o ex-presidente na condição de advogada. 

Soberania nacional, cenário político no Brasil e na América Latina e mobilização popular foram outros temas comentados durante a visita, destacou o dirigente do MST.

"O presidente manifestou muita preocupação da forma como esse governo fascista [de Jair Bolsonaro (PSL)] tem entregado nosso patrimônio às grandes transnacionais e, ao mesmo tempo, a necessidade de nós continuarmos nas ruas fazendo luta para preservar o patrimônio do povo brasileiro". 

Rodrigues, Hoffmann e Okamotto estiveram na Vigília Lula Livre, onde foram recebidos com muita festa pelos militantes, que também seguem confiantes na decisão pela soltura do ex-presidente. "Nós temos esperança de que o STF julgue a questão da condenação em segunda instância. Esse é um elemento importante do direito de ser julgado decentemente no Brasil", disse Okamotto. 

"É lamentável um inocente preso há quase 600 dias, um homem que nunca recebeu nenhum apartamento como propina, e nosso sistema de Justiça não responde a essa questão. Por isso, a gente continua firme na luta", completou o presidente do Instituto Lula. 

Todas as quintas-feiras desde abril de 2018, Lula recebe a visita de artistas, personalidades nacionais e internacionais, chefes de Estado, amigos e companheiros de militância. O encontro privado dura cerca de uma hora. 

Edição: Rodrigo Chagas