Em Brasília

Indígenas marcham em memória de Paulo Guajajara e contra invasões de terras

Lideranças do Pará, Amapá e Maranhão caminharam da Catedral de Brasília até o Ministério da Justiça

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Lideranças indígenas pediram que direitos constitucionais sejam mantidos pelo governo federal
Lideranças indígenas pediram que direitos constitucionais sejam mantidos pelo governo federal - Erick Gimenes

Povos indígenas do Pará, Amapá e Maranhão fizeram, na tarde desta quinta-feira (7), um ato em memória do guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara, morto em emboscada no Maranhão, em 1º de novembro, e contra invasões às suas terras.

A marcha durou cerca de uma hora e percorreu trajeto entre a catedral de Brasília e o ministério da Justiça, com a participação de lideranças dos povos Surui Aikewara, Akrãtikatêjê Gavião, Amanaye, Atikum, Guajajara, Guarani Mbya, Tembe, Parakana, Galibi Marworno, Palikur e Karipuna.

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Durante a caminhada, os indígenas entoaram cantos e danças tradicionais e exibiram faixas contra Bolsonaro, além de fotos de Paulo Guajajara. No fim, eles sentaram no gramado em frente ao Congresso Nacional, abaixaram as cabeças e fizeram uma prece pelos parentes assassinados em confrontos.

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Paulo Paulino Guajajara foi assassinado durante uma emboscada de madeireiros na Terra Indígena Arariboia, denunciam indígenas (Foto: Erick Gimenes)

Takrami Guajajara, da Terra Indígena Araribóia, a mesma de Paulo, afirmou que a morte do guardião é consequência da falta de comprometimento do governo com a causa indígena.

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“Parte do nosso território que morreu junto com ele. Assim como ele se foi, nós sentimos e a floresta também sente, porque nós somos protetores e guardiões da floresta brasileira. É por isso que estamos aqui, reivindicando justiça pelos nossos povos indígenas que estão sendo assassinados. Não só por ele, mas por todos que já foram assassinados”, afirmou.

A cacique Katia Silene Akrãtikatêjê, da Terra Indígena Mãe Maria, no Pará, disse que o governo federal impõe uma “ditadura silenciosa, psicológica”, ao retirar direitos dos povos indígenas. Ela criticou a proposta de “marco temporal”, que vincula o direito a demarcações à presença física, e não tradicional.

“A grande consequência que eu vejo é o madeireiro invadindo, abrindo porta para invasores, para grandes empresas, para explorar. Quando a gente dorme, acorda, eles já estão dentro da área e a gente não é ouvido. Quando você vai ser ouvido, eles falam: ‘Está aqui, o que eu tenho para te dar é isso. Ou tu pega ou um rolo compressor vai passar por cima de vocês’”, pontuou a cacique.

 

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL), povos indígenas vêm denunciando o incentivo do presidente a exploração ilegal de suas terras (Foto: Erick Gimenes)

O líder do povo Surui Aikewara, Francivaldo Pereira de Freitas, ressaltou que a principal reivindicação do ato é para que o governo respeite os direitos garantidos na Constituição, como educação, saúde e direito à terra.

“Isso que nós estamos aqui é só reivindicando nossos direitos que estão na Constituição Federal. Nós não estamos pedindo favor, não. Ele [Bolsonaro] tem que respeitar isso. Nós não vivemos em uma ditadura, não. Vivemos em uma democracia.

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Após a marcha, indígenas ocuparam o gramado do Congresso Nacional (Foto: Erick Gimenes)

Edição: Rodrigo Chagas