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As dez pragas do Brasil

Fome, miséria, desmonte da saúde e educação estão entre as pestes que a maioria da população enfrenta em 2019

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Edição 144 do Brasil de Fato Paraná traz um levantamento sobre as mazelas enfrentadas pela população brasileira em 2019
Edição 144 do Brasil de Fato Paraná traz um levantamento sobre as mazelas enfrentadas pela população brasileira em 2019 - Arte: Vanda Moraes

Para a maior parte da população brasileira, a vida está piorando em 2019. Entenda o que vem acontecendo em dez áreas essenciais para o desenvolvimento do país e que impactam diretamente na sua qualidade de vida. 

Desemprego e recorde de informalidade 

Em dezembro de 2014, no final do primeiro governo de Dilma Rousseff (PT), o Brasil teve a mais baixa taxa de desemprego, de 4,3%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De lá para cá, só piorou. A taxa ficou entre 12% e 13% nos últimos anos e está, na última pesquisa, de agosto, em 11,8%, que representa 12,6 milhões de pessoas sem ter onde trabalhar. Outro problema é que a pequena queda na taxa que aconteceu este ano foi porque as pessoas começaram a trabalhar em bicos ou em empregos sem carteira. O Brasil bateu, em agosto, o recorde do trabalho informal, com 41,4% dos trabalhadores não tendo nenhum direito garantido. 

Salário despenca para os mais pobres 

Outro triste recorde batido pelo governo Bolsonaro neste ano é a maior diferença entre salários dos mais ricos e mais pobres. O IBGE mostra que se trata da maior distância desde 2012, quando surge o dado. O 1% mais rico entre os trabalhadores ganha, na média, R$ 27.744, enquanto 50% dos trabalhadores mais pobres ganham, na média, R$ 820. E a distância vem aumentando. Os mais ricos estão ficando mais ricos e os mais pobre estão se tornando miseráveis. E metade dos trabalhadores do país tem média salarial abaixo de um salário mínimo, não ganhando nem o necessário para a subsistência. 

Miséria

Até como consequência dos baixos salários e do desemprego, documento do Banco Mundial mostra que a crise econômica entre 2014 e 2017 empurrou 7,4 milhões de brasileiros para a pobreza. O número de pessoas vivendo com menos de 21 reais por dia passou de 36,5 milhões para quase 44 milhões de pessoas. E a fatia dos miseráveis entre o total de pobres do país saltou de 15,4% para 23%. E, para piorar, na proposta de orçamento enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional no fim de agosto, 24 de 31 áreas de atuação federal terão recursos reduzidos.

Brasil à venda

O governo Bolsonaro faz como aquela pessoa que vende a casa própria para ir viver de aluguel e gastar o dinheiro. E depois não tem mais a casa e fica quebrado. Já vendeu a BR Distribuidora e mais quatro empresas do grupo Petrobras BR, além da agência BB Turismo, ligada ao Banco do Brasil. E já anunciou que quer vender Correios, Eletrobras, Telebras, Casa da Moeda, Serpro, Dataprev, entre outras empresas do povo brasileiro. Para a população, vai sobrar aumento nas tarifas e piora nos serviços. Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil também estão na mira para serem vendidas aos poucos, como acontece no leilão do Pré-Sal. 

Mortes no campo e na cidade

Além do assassinato do guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara, no dia 1 de novembro, na Terra Indígena Arariboia, Maranhão, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registra que, no dia 22 de março, a liderança do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), no Pará, Dilma Ferreira Silva, foi morta no massacre que vitimou três pessoas no Assentamento Salvador Allende. Em 24 de março, também foram encontrados três corpos carbonizados em fazenda próxima dali. Dados da própria CPT mostram que a Justiça brasileira julgou apenas oito de cada 100 casos de conflitos com mortes no campo nos últimos 33 anos. A liberação de armas para propriedades rurais tende a piorar esse cenário.

Presidente e filhos falam demais e mentem

A ameaça do filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, de implantação do AI-5 (ato que permitiu prisões e torturas e cassação de direitos políticos pela ditadura), caso manifestações como as do Chile chegassem ao Brasil, são apenas as besteiras mais recentes. Bolsonaro, o pai, já comprou briga com países árabes por sua defesa de Israel, falou mentira sobre a morte do pai do presidente da OAB na ditadura, entre outras frases que não ajudam o Brasil em nada.

Desastres ambientais 

As maiores queimadas da história e desastre com derramamento de óleo nas praias do Nordeste estão entre os efeitos da política ambiental do governo federal. Segundo o ex-ministro do meio ambiente, Carlos Minc, é uma ameaça não só ao Brasil, mas a todo o mundo. Para ele, será difícil reverter esses desastres, pois as ações do governo são pontuais e desastrosas. “Tiraram todo o poder do Ibama e do ICMBio, ataram as mãos da fiscalização, destruíram o Fundo Amazônia e estimularam os pecuaristas a adentrar nas florestas. O governo ligou a motosserra, acendeu o pavio do molotov e, depois, aponta o dedo para os ambientalistas. É cruel”, afirma o ex-ministro.

Justiça partidária

O vazamento das mensagens trocadas por celular entre o então juiz Sergio Moro e os membros da Lava Jato, pelo site The Intercept e outros veículos de comunicação, mostraram como o sistema de justiça atuou de maneira combinada para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e impedir sua candidatura à presidência da República nas eleições de 2018. Já como ministro, Moro defende todas as irregularidades cometidas por Bolsonaro.

Caos na saúde

Pesquisa do Datafolha de setembro de 2019 mostra que a saúde é o principal problema do Brasil, seguida por educação e desemprego. E a situação pode piorar mais ainda, se aprovada medida, proposta esta semana ao Congresso, que elimina a obrigação de estados e municípios investirem parte de seus orçamentos na área. Para o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, o atual governo ameaça o princípio de universalidade do SUS. O projeto é reduzir ao máximo a atenção básica em saúde, dirigida para aqueles que não podem pagar, para que todos os demais sejam induzidos a buscar atendimento no mercado.

Desmonte da educação pública

Corte de verbas para a Educação em geral, principalmente universidades e institutos federais, criação do Future-se, que pode levar ao fim da autonomia das universidades públicas, à cobrança de mensalidades e até à privatização das instituições e corte de bolsas de pesquisas, mostram o que, nas palavras do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), é um verdadeiro “desprezo de Jair Bolsonaro pela educação. Expele raiva da educação pública, a persegue, diminui recursos. Expressa toda a sua mediocridade e obscurantismo ao colocar a educação como inimiga”, diz o deputado. 

Edição: Lia Bianchini