Diplomacia

Policiais e Itamaraty impedem entrada de parlamentares na embaixada venezuelana

Deputados e senador foram prestar apoio ao corpo diplomático do país após invasão de opositores de Maduro

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Deputada Maria do Rosário (PT-RS) esteve entre os parlamentares apoiadores da Venezuela que foram impedidos de entrar na embaixada pela PM
Deputada Maria do Rosário (PT-RS) esteve entre os parlamentares apoiadores da Venezuela que foram impedidos de entrar na embaixada pela PM - Maria do Rosário/Twitter

Em meio ao conflito que se desenrola na Embaixada da Venezuela, em Brasília (DF), com a invasão de apoiadores do autoproclamado presidente do país, Juan Guaidó, parlamentares de oposição ao governo de Jair Bolsonaro se queixaram sobre o impedimento de entrar no local. Os membros do Legislativo disseram que foram prestar apoio ao corpo diplomático do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

O caso mais emblemático foi o do senador Telmário Mota (Pros-RR), que preside a Subcomissão da Venezuela da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado Federal.

“Eu fui chamado por membros da embaixada para dialogar, para buscar um entendimento, porque eu sou presidente dessa subcomissão exatamente para cuidar da crise da Venezuela. Ao chegar, fui impedido pelo Ministério das Relações Exteriores [do Brasil]”, relatou, em referência a representantes do ministério que foram enviados ao local.

“Desde quando o MRE de um país vai controlar quem entra e quem sai de uma embaixada, que é território de outro país? Sabe o que está me parecendo? Que essa invasão foi orquestrada por esse ministério, porque é ele quem está controlando a entrada e a saída. Se isso tiver acontecendo, estão ferindo a Constituição. Nós estamos vivendo em um estado de ditadura. Mais grave do que isso, estão colocando o Brasil em uma briga que não é nossa. É lamentável a decisão do ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo]”, criticou Mota.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também foi impedida de entrar no prédio. “Ao fazerem isso, ao não reconhecerem minha presença aqui, estão cassando meu mandato”, disse ao Brasil de Fato, em meio ao clima de turbulência que tomou conta dos arredores da embaixada, onde apoiadores e opositores de Nicolás Maduro estão concentrados desde o início da manhã, sob o patrulhamento da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF).

“Um verdadeiro ataque à liberdade e à soberania. A extrema direita insana não tem limites. Não podemos aceitar este ataque absurdo dos apoiadores do ódio”, disse mais tarde a petista a respeito do impedimento, por meio de seu perfil no Twitter.

Os deputados Célio Moura (PT-TO), Erika Kokay (PT-DF) e Paulo Teixeira (PT-SP) relataram que também não conseguiram adentrar o prédio. A fachada do local está cercada por uma trincheira policial.

Os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Paulo Pimenta (PT-RS), que chegaram no início da manhã para prestar apoio aos funcionários da representação diplomática da Venezuela, entraram na embaixada e lá permanecem há mais de oito horas. A psolista Sâmia Bonfim (SP) ingressou no prédio nas horas seguintes e também está entre o grupo que ficou na embaixada.

Outro lado

O Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de imprensa do MRE por telefone para ouvir a versão do governo a respeito do controle de entrada na embaixada, mas foi informado de que não havia assessores disponíveis para o atendimento.

A reportagem também procurou a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para saber quem estaria no controle da tropa da PM no que diz respeito à operação, mas ainda não houve resposta.   

Edição: Camila Maciel