Honduras em 2009, Paraguai em 2012, Brasil 2016 e, em 2019, a Bolívia. O cenário comum são os golpes de Estado mascarados de legalidade, com um papel ativo do parlamento, das elites locais associadas e de países de política pró-Estados Unidos.
Mesmo se os governos progressistas realizam concessões na economia e alianças com os partidos de centro, o neoliberalismo se impõe à força como modelo político e econômico, divorciando-se da democracia quando essa não lhe serve mais.
Se não for possível vencer no voto, apela-se para o discurso de fraude eleitoral; se o discurso não emplaca, arma-se ao golpe institucional; se há resistência nas instituições, os militares entram em ação e exigem, com armas, a renúncia do presidente eleito.
Com o violento golpe na Bolívia, que já resulta em, no mínimo, 23 mortos, o continente latino-americano está em alerta diante da aplicação de uma cartilha liberal na economia e repressiva na política.
De outro lado, a falência desse modelo é anunciada pelos milhões de chilenos que exigem reformas sociais no país, pelos argentinos que repudiaram a estratégia de Macri e pelos venezuelanos que, mesmo sob pressão do bloqueio econômico promovido pelos EUA, afastaram o golpe e dizem não ao grotesco “autoproclamado” Juan Guaidó.
As feridas de nossa América se abriram. Mas o povo mostra os punhos para lutar por justiça social e paz.