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Artigo | Quero Ser Como Você

Frei Sérgio relembra com saudade e carinho de Frei Gregório, seu inspirador e formador

02.dez.2019 às 17h45
Hulha Negra
Frei Sergio Gorgen
Frei Gregório foi inspirador de uma geração de frades franciscanos, inclusive de Frei Sérgio Görgen

Frei Gregório foi inspirador de uma geração de frades franciscanos, inclusive de Frei Sérgio Görgen - Divulgação / Franciscanos

Nos idos de 1968 cheguei para fazer o curso ginasial, como aluno interno, no Ginásio São Francisco Solano, mantido à época pelos franciscanos, no município de Não Me Toque (RS). Menino do interior, esta era uma das poucas maneiras de estudar.

Lá conheci Frei Gregório Wolfckamp tratado por nós como “Frei Cachimbo”, graças ao seu inseparável instrumento de queimar fumo e fazer fumaça.

Além de professor de religião e inglês no curso ginasial, era o responsável pelos internos, com a difícil tarefa de fazer-nos estudar e manter a disciplina.

O frade holandês conseguia nos disciplinar com autoridade, porém, com leveza e carinho. Todos o respeitavam. Era um educador nato, muito pelo exemplo e pelo amor que demonstrava por cada um de nós.

Um belo dia algo estranho mexeu comigo – acredito que o Espírito do Senhor me tocou – e procurei o Frei Cachimbo para dizer-lhe que queria ser frei.

Olhou-me e com aquele seu sorriso maroto, me respondeu sem maiores atenções:

– Vai plantar batatas.

Fiquei chateado, mas aquele mal estar interior não me largou.

Procurei-o uma segunda vez, ainda sem receber grande atenção.

Mas na terceira vez que o procurei pelo mesmo motivo, parou, olhou-me profundamente, e me perguntou:

– Porque você quer ser frei?

Eu havia lido uma biografia do Padre Damião de Veuster e ficara impressionado com sua doação aos hansenianos, ao ponto de doar a própria vida para ser solidário a eles nas ilhas Molokai onde a sociedade europeia os despejava para livrar-se deles e da moléstia.

Mas a inspiração mais próxima era mesmo o Frei Cachimbo e seu jeito de ser.

E respondi à queima-roupa:

– Porque quero ser como você.

Exigiu-me três mudanças de comportamento para levar-me a sério e dar sequência à conversa:

– Não quero mais te ver entre os bagunceiros do dormitório, não quero mais te ver lendo romance no primeiro estudo e quero te ver na missa.

Dormitório de internato é local difícil de controlar. De vez em quando estourava uma guerra de travesseiros, rolagem de bolitas, camas desarmadas e gente caindo, bolsas de plástico com água embaixo do lençol na cama dos outros, etc e tal. Era nesta lista que não mais queria me ver.

Haviam três momentos de estudo, fora de sala de aula. O primeiro era para fazer os temas de casa e não se podia ler romances. E eu lia.

As missas no internato eram duas por semana e não era obrigatória a presença. Mas para alguém que desejasse ser frei………Convenhamos.

Esforcei-me, confesso, e ele começou a me orientar.

Isto aconteceu em 1971, cursava a quarta série ginasial e tinha, então, 15 anos. No ano seguinte estava eu seminarista em Taquari, no Seminário Seráfico, cursando o “científico” no Colégio Conceição. Três anos depois, 1975, recebi o hábito marrom no noviciado franciscano em Daltro Filho.

Mas Gregório continuou em minha vida de frade como amigo, irmão, inspirador, orientador, mestre e formador. Não dava vontade de terminar as longas e alegres conversas que de tempos em tempos mantínhamos sobre teologia (sempre muito atualizado), espiritualidade, vida fraterna, minoridade, Franciscanismo, Mariologia, Igreja e Jesus de Nazaré, sua paixão, seu tema preferido, razão e afeto de sua vida.

Manteve comigo uma atenção paternal, até nossos últimos encontros, como o de outubro passado, em Daltro Filho.

Fraterno, humano, amável, espiritualidade profunda, amor pelo pobres, amor pela Província Franciscana do Rio Grande do Sul, um verdadeiro frade menor. Saiu jovem da Holanda na década de 40 do século XX e aqui entregou sua vida à missão. Missionário por excelência.

Hoje, dia de seu sepultamento e um dia depois de sua Páscoa aos 89 anos bem vividos, todos os sentimentos e pensamentos que me vêm ao coração e à mente, são de gratidão e ação de graças por Deus tê-lo colocado entre nós e por ter tido a oportunidade de conviver com alguém tão especial.

Porém, frei Gregório, uma confissão tenho que te fazer e sei que estás, aí onde estás, com teu sorrisinho maroto no canto do lábio:

– Quarenta e oito anos depois da frase que te disse, confesso, nem de longe, consegui ser como você.

 

*Frei Sérgio Antônio Görgen é dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores e da Via Campesina. Escreveu, ente outros títulos, "Em prece com os Evangelhos" e "Trincheiras da resistência camponesa".

Editado por: Marcos Corbari
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