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Avanço da extrema direita coloca em risco conquistas históricas do movimento negro

Militantes denunciam políticas anti-imigratórias e a ascensão de partidos e movimentos nazistas e fascistas pelo mundo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Primeiro encontro da Coalizão Negra por Direitos lotou a Ocupação Nove de Julho, em São Paulo
Primeiro encontro da Coalizão Negra por Direitos lotou a Ocupação Nove de Julho, em São Paulo - José Eduardo Bernardes

A eleição de líderes de extrema direita no Brasil e em várias partes do mundo têm ameaçado conquistas históricas do movimento negro nos últimos anos. Políticas anti-imigratórias e a ascensão de partidos e movimentos nazistas e fascistas se apresentam como desafios para uma população que sempre precisou lutar por direitos.

Na África do Sul, por exemplo, grupos nazistas voltaram a aparecer nos noticiários ao planejarem ataques contra a população negra. Para Phumi Mtetwa, do movimento sul-africano Just Associates,”esses projetos de supremacia branca afetam completamente toda pessoa que é excluída, discriminada e oprimida, e particularmente pessoas que foram historicamente discriminadas: negros e indígenas”.

Segundo Mtetwa, é importante que negros assumam liderança em relação a projetos de emancipação, mas alerta: "Essa não vai ser uma luta que vamos ganhar apenas em um país. Vai ser necessária uma luta global para desmantelar a supremacia branca”. 

Na última semana, mais de 100 organizações que lutam por direitos para a população negra se reuniram em São Paulo. O primeiro encontro internacional da “Coalizão Negra por Direitos” debateu os desafios dessas frentes de batalha em todo o mundo e listou um aumento da militarização dos aparatos de segurança estatais e da violência.

Segundo Thejiwe Macharris, da organização Black Lives Matter, dos Estados Unidos, momentos como esse também são propícios para articulações de movimentos negros. 

“Pessoas negras ao redor do mundo, no Brasil, na Colômbia, no México, ou na Europa, têm que lidar com o racismo, discriminação, ataques. Mas tempos de desafios também são tempos de esperança e oportunidade”, ressalta.

O caminho, aponta a colombiana Yanna Sofia Garzon, do Processo de Comunidades Negras, é a criação de instituições próprias para luta antirracista. 

“Podemos criar redes de saúde, educação, economias próprias, proteção coletiva e elementos de justiça que façam com que a gente dependa cada vez menos de justiças punitivas”, diz.

Confira a reportagem em vídeo:

Edição: Daniel Giovanaz