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Bolsonaro defende um SUS cada vez mais limitado. Quem se beneficia com isso?

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Com a vitória de Bolsonaro, a pauta econômica ultraliberal ganha força e os ataques se intensificam
Com a vitória de Bolsonaro, a pauta econômica ultraliberal ganha força e os ataques se intensificam - Antônio Cruz/Agência Brasil
É tudo que o sistema de saúde privado deseja para avançar

Temos discutido neste espaço um conjunto de medidas que vêm sendo tomadas pelo governo federal que atingem em cheio a já limitada capacidade do SUS. Não é demais, entretanto, afirmar que o SUS vive sob constante ataque desde o seu surgimento. Afinal, o Sistema Único de Saúde surge por um acúmulo de muitos anos de construção popular em um contexto no qual o mundo (e o Brasil) mergulhavam numa lógica cruel de governos neoliberais que defendiam um estado cada vez mais descompromissado com o seu povo.

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Esta onda neoliberal, que agiu com força em nosso país no final da década de 1980 e, principalmente, na de 1990, comprometeu muito do potencial do SUS. Afinal, como seria possível construir um sistema de saúde forte sem a presença do estado? Para nossa tristeza, esta onda neoliberal volta com força ao país desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Foi ainda com Michel Temer que foi aprovada a Emenda Constitucional que congelou o orçamento público por 20 anos, comprometendo qualquer possibilidade de mais avanços para na saúde, educação etc.

Com a vitória de Bolsonaro, a pauta econômica ultraliberal ganha força e os ataques se intensificam. Na saúde, não está sendo diferente. A mudança na forma de financiamento para a Atenção Básica e a criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde são dois duros golpes no SUS.

No fundo, está o interesse em comprometer o princípio da Universalidade do SUS que determina que todo e qualquer cidadão brasileiro tem direito ao acesso às ações e serviços de saúde. Para tal, o governo e seus apoiadores passam a adotar a utilização de um outro termo: Cobertura Universal. Tal expressão tão semelhante, trocando em miúdos, aponta para o foco na construção de um sistema de saúde limitado apenas a determinados setores da sociedade e com o oferecimento de espécies de pacotes básicos de serviços.

Parece detalhe, mas, no fim das contas, revela-se uma enorme mudança de concepção no sistema de saúde brasileiro, pensado para ser para todos e todas, mas que se restringiria cada vez mais a determinados setores da sociedade. É tudo que o sistema de saúde privado deseja para avançar cada vez mais sobre o suor e sangue da classe trabalhadora. Se tem algo que merece nossa total unidade, é a defesa de um sistema de saúde para todo mundo, que ele seja do tamanho do povo brasileiro. Nem um pouco a menos. 

Edição: Marcos Barbosa