Memória

Nos 50 anos do assassinato de Marighella, militantes realizam homenagem no Ceará

A atividade uniu debate e o lançamento do livro Chamamento ao Povo Brasileiro

Brasil de Fato | Fortatelza (CE) |
A atividade, que lotou o auditório da ADUCF, contou com militantes da ALN
A atividade, que lotou o auditório da ADUCF, contou com militantes da ALN - Celso Aquino

A sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc) recebeu, na quarta-feira (04) muitas faces em busca da memória social do revolucionário Carlos Marighella. Com o auditório lotado, o evento “Marighella – 50 anos depois”, iniciou com o videoclipe da música Mil faces de um homem leal, do Racionais MC’s, e uniu debate e o lançamento do livro Chamamento ao Povo Brasileiro, que reúne uma coletânea de escritos de Carlos Marighella organizada por Vladimir Safatle e publicados pela editora Ubu. A atividade, organizada conjuntamente pelos mandatos dos deputados Elmano de Freitas (PT) e Renato Roseno (PSOL), contou na mesa com a presença de Carlos Augusto Marighella, Aton Fon e Sílvio Mota.

No ano de 2019 completou-se 50 anos do assassinato de Carlos Marighella pela ditadura militar no Brasil, ocorrido a 4 de novembro de 1969 durante uma emboscada. Naquele dia a ditadura militar pensou estar eliminando o “inimigo número um” do regime, no entanto, suas ideias continuaram ecoando nesses 50 anos. Para seu filho, Carlos Augusto, onde existe luta, existe também a presença de Marighella. “A gente não está chorando a morte do nosso herói. Estamos celebrando a presença dele. Aquela luta que Marighella empreendeu naquele tempo ainda precisa ser vencida. Ou a gente escolhe um país solidário, independente, sem injustiça ou um país destinado a servir uma elite que serve o tempo todo a si”, afirmou.

Para o advogado Aton Fon, ex-integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e militante da Consulta Popular, Marighella se tornou um símbolo da revolução, havendo Marighella ganhado esse espaço a partir de 1964, quando houve um deslocamento dessa simbologia nacionalmente. “Nós temos ainda um papel a cumprir. Cada um de vocês está carregando o Marighella. São realmente mil faces”, afirmou. Fon destacou ainda a produção teórica de Marighella, sua constante preocupação com a análise da situação diante dos objetivos e sua disposição em realizar as ações que eram propostas. “Ele é um símbolo sim, mas ele se torna também um guia, um professor”, contou.

O juiz aposentado Silvio Mota, também ex-integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), lembrou durante a atividade que o Ceará foi um dos primeiros estados a aderir ao chamado de Marighella para formar a ALN. “Não concordávamos com a linha do Partido Comunista naquele momento. Revolução não é nenhuma brincadeira, mas é uma obrigação. O verdadeiro revolucionário tem amor ao povo, e por isso tem como dever fazer a revolução”, afirmou.  

O livro Chamamento ao Povo Brasileiro, que conta com 300 páginas e faz parte da coleção Explosante, é possível de ser adquirido pelo site da editora Ubu no link https://www.ubueditora.com.br/marighella.html

Edição: Monyse Ravena