Rio Grande do Sul

Greve no RS

Setor da Saúde pauta ações de servidores em greve nesta quarta-feira

Atividades dos grevistas buscam colocar em evidência o descaso do estado para com a saúde pública

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Manifestações demarcaram 16º dia da greve do funcionalismo estadual
Manifestações demarcaram 16º dia da greve do funcionalismo estadual - Iury Casartelli

Na manhã desta quarta-feira (11), o 16º dia da Greve dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, de base do SINDSEPE/RS, SINTERGS, SINDICAIXA, AFAGRO e ASSAGRA, foi ocupado por um ato público com concentração nos Hospitais Psiquiátrico São Pedro e Sanatório Partenon, seguido de uma passeata dos trabalhadores do serviço público pelas Avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves, bairro Partenon. O trajeto dos manifestantes contemplou alguns dos principais pontos de referência em saúde do estado: Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), e Escola de Saúde Pública (ESP-RS).

Segundo estimativa do Comando de Greve, mais de duzentos trabalhadores e trabalhadoras fizeram-se presentes e afirmaram categoricamente que as manifestações não irão cessar enquanto o governador Eduardo Leite (PSDB) não retirar o pacote de medidas que tramita em regime de urgência na Assembleia Legislativa.

Durante a passeata, Rogério Viana, vice-presidente do SINDSEPE/RS, reafirmou a importância da unidade das categorias na luta e citou a saúde como exemplo desta união. “Hoje nós mostramos que estamos mobilizados e que não vamos retroceder nem sequer um passo. Estamos aqui para desmentir essa história de que apenas 10% dos servidores da saúde haviam aderido à greve. É só olhar para o lado para perceber que a nossa adesão é muito maior, é de 60%. Quem mente sabe que mente!”, afirmou.

Rogério ainda realizou um balanço histórico sobre as atuais paralisações contra o pacote. “A última greve dos servidores da saúde foi em 1987, de lá para cá, nunca mais esta categoria se uniu com tanta força. Agora nós estamos em um segundo momento da saúde do estado do Rio Grande do Sul, um momento histórico que demonstra para todos a importância deste movimento contra os ataques do governador Eduardo Leite ”, concluiu.

Elpidio Borba, diretor de assuntos funcionais do SINTERGS, comentou sobre a relevância da marcha e do seu contato direto com a sociedade gaúcha. “O importante é que a gente saiu para rua e a população que circulou durante todo o trajeto foi unânime em nos apoiar, isso é algo que nos faz sentir a firmeza do movimento”. Elpidio ainda afirmou que o denominado ‘pacote da morte’ continuará enfrentando toda a resistência do movimento sindical enquanto não sair de tramitação no parlamento.

“A gente que já trabalha há mais de 40 anos no serviço público e participou de muitos movimentos paradistas, sem dúvida nenhuma, podemos garantir que essa é a greve mais forte e que uniu exatamente todas as categorias: professores, saúde, planejamento, bombeiros, polícia civil, serviço penitenciário. A gente nota na Assembleia Legislativa que o governo já não está mais com a mesma força que tinha antes”, assegurou.

Quando a marcha encaminhava-se ainda pela Avenida Ipiranga, os trabalhadores e trabalhadoras decidiram parar em frente ao Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF) para denunciar no carro de som o fato de que assédio moral contra o trabalhador grevista é ilegal e imoral. Os dirigentes presentes no ato convidaram a todos os servidores públicos da unidade para se juntarem na luta contra a destruição do serviço público. O mesmo aconteceu na Escola de Saúde Pública (ESP-RS), local onde os dirigentes grevistas conversaram com servidores e os alertaram sobre a legalidade da greve na defesa dos seus direitos mais básicos, conquistados anteriormente com muita luta e persistência.

Ainda na Escola de Saúde Pública, Miguel Chagas, secretário-geral do SINDICAIXA, reafirmou a importância da presença da categoria da saúde durante o ato público. “É essa categoria que promove o serviço gratuito para a comunidade, é ela que atende o povo da periferia, até mesmo aquele que tem dinheiro, ela atende, não exclui ninguém. Então, nós estamos hoje junto deles demonstrando ao governador que tanto o serviço público quanto os servidores são essenciais para o estado do Rio Grande do Sul”, declarou.

Miguel também não poupou críticas ao denominado ‘pacote’, protocolado na Assembleia Legislativa pelo governador Eduardo Leite (PSDB) em Novembro. “Esse pacote fez com que todos os sindicatos de servidores públicos se unissem para enfrentá-lo, até mesmo os representantes da categoria dos Policiais Civis, isso escancara o quanto ele é nefasto para todos nós”, ressaltou.

Já pelo fim da manifestação, Claudia Pereira, terapeuta ocupacional do Sanatório Partenon há 20 anos, salientou a importância da marcha para a conjuntura da greve. “A importância é, sobretudo, devido à representatividade dos serviços de saúde que nós prestamos. A maioria dos atendimentos que são referências em saúde mental, tuberculose, HIV/AIDS e sífilis, são realizados aqui na Zona Leste de Porto Alegre”.

A terapeuta ainda relatou suas impressões sobre a greve. “De todos estes anos que eu estou trabalhando no estado, percebo que esta é a maior. Tudo que ele [governador] está fazendo vai atingir não só a vida dos servidores/trabalhadores, mas também a dos serviços que nós prestamos. E as pessoas estão se dando conta disso, tanto que a gente tem um apoio muito grande da população agora porque ela está está entendo que também vai perder muito, não são só os servidores”, concluiu.

Á tarde os servidores realizaram panfletagem e conversa com os comerciantes e população que passou pela Feira Ecológica, que esse ano completa 25 anos. Durante a panfletagem as pessoas se mostraram solidárias à greve dos servidores. Uma das clientes da feira disse estar arrependida por ter votado em Eduardo Leite.

 

Doação de sangue no interior

Ação social foi desempenhada por parte dos servidores em greve - Divulgação ASSAGRA

 

Ainda na manha dessa quarta-feira (11), servidores em greve,da secretaria da agricultura da regional de Caxias realizaram uma campanha de doação de sangue. Passaram pelo hemocentro da região 20 servidores, dos quais 11 puderam realizar a doação. O ato faz parte de um conjunto de ações promovido pelos servidores e suas respectivas instâncias representativas para alertar a população sobre os efeitos do pacote de reestruturação do Estado encaminhado pelo governador, em regime de urgência à Assembleia Legislativa.

 

* Com informações da Assagra

Edição: Marcos Corbari