Estados Unidos

Deputados aprovam impeachment de Trump e processo segue para o Senado

No entanto, a maioria dos senadores é do partido republicano, mesmo do presidente estadunidense

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ao contrário do Brasil, o presidente estadunidense só deixa o cargo após o aval do Senado
Ao contrário do Brasil, o presidente estadunidense só deixa o cargo após o aval do Senado - AFP

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos – equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil – aprovou nesta quarta-feira (18) o impeachment contra o presidente republicano Donald Trump. 

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Duas acusações pesam contra Trump: uma de abuso de poder, na qual o presidente teria pressionado a Ucrânia a investigar o seu principal adversário nas próximas eleições, de 2020; e outra de obstrução de Justiça, ao supostamente atrapalhar as investigações depois do inicio do processo. 

De maioria democrata, a Câmara registrou 230 votos a favor e 197 contra as acusações de abuso de poder; e 229 votos a favor e 198 contra a denúncia de obstrução de Justiça. 

Foram necessários 216 votos a favor de pelo menos uma das acusações para aprovar o impeachment — maioria simples dos 430 parlamentares. Ambas as acusações fazem parte do processo de impeachment que agora segue para o Senado. 

Trump afirmou, durante a votação, em um comício em Michigan, que os democratas estão “consumidos pelo ódio” ao “tentarem anular os votos de dez milhões de patriotas americanos.”

Próximos passos

No Senado, a maioria é republicana, o que torna a aprovação do impeachment mais difícil. São necessários mais de dois terços dos votos, ou seja, 67 votos a favor entre os 100 senadores – os republicanos totalizam 53. As votações começam em janeiro, lideradas pelo presidente da Suprema Corte, John Roberts. 

Diferente do processo de impeachment brasileiro, nos Estados Unidos, o chefe de Estado não deixa o cargo caso o impedimento seja aprovado entre os deputados. Isso acontece somente após o aval do Senado. 

Relembre o caso

O presidente Donald Trump é acusado de obter informações prejudiciais ao ex-vice-presidente Joe Biden – um dos favoritos para disputar as eleições estadunidenses de 2020 pelo Partido Democrata – em troca do envio de ajuda militar à Ucrânia.

Segundo os depoimentos de funcionários da diplomacia e do governo, na Câmara, o presidente agiu em benefício próprio ao pressionar o governo ucraniano a abrir investigações sobre Biden em ações suspeitas no leste europeu.

No dia 24 de setembro, a presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, abriu o processo de impeachment contra Trump. Mais de um mês depois, no dia 13 de novembro, começaram as audiências no Comitê Judiciário da Casa, com os depoimentos das testemunhas do processo. 

No dia 10 dezembro, os deputados da oposição formalizaram duas acusações contra Trump na Câmara dos Representantes.

Em uma coletiva de imprensa, o democrata Jerrold Nadler, que apresentou os artigos de impeachment, disse este é “um crime passível de impeachment o presidente exercer os poderes de seu cargo público para obter um benefício impróprio e pessoal enquanto ignora ou prejudica o interesse nacional".

"Isso é exatamente o que o presidente Trump fez quando solicitou e pressionou a Ucrânia a interferir em nossas eleições de 2020 - prejudicando a segurança nacional, minando a integridade da próxima eleição e violando seu juramento ao povo americano".

"A integridade de nossa democracia está sendo colocada em risco por um presidente que já buscou interferência estrangeira nas eleições de 2016 e 2020”, afirmou Nadler. Trump também foi acusado, em 2016, de solicitar interferência da Rússia contra sua então adversária Hillary Clinton.

Com a formalização das acusações, Trump usou sua conta no Twitter para se manifestar. Ele disse que está sendo vítima de uma “caça às bruxas”. 

Edição: Julia Chequer