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Opinião

Artigo | Corpos dóceis e a militância: manutenção das relações de opressão

Quando se pactua o diálogo a partir dos corpos dóceis, se contribui para a manutenção dos espaços de privilégio

23.dez.2019 às 11h47
Belo Horizonte (MG)
Andréia Roseno
"É sério que ainda seremos, negritude e povos originários, voz non grata?"

"É sério que ainda seremos, negritude e povos originários, voz non grata?" - Arquivo/Agência Brasil

Nos finais de ano, existe todo um clima construído que nos induz, intencionalmente ou não, a fazer um balanço do nosso projeto de vida, seja individual, seja coletivo, do período vivido. Movida por essa sensação, veio a inspiração de escrever esse texto, para falar das relações que construímos na militância.

Por ora, sinto que às vezes confundimos e fundimos a política com a maneira pessoal com que lidamos com as companheiras e companheiros que se somam à militância cotidiana conosco. É mais fácil lidar com corpos dóceis. E, nem de longe, é um julgamento a despeito dessa lida. Mas, se a égide desta sociedade é racista, patriarcal e de exploração, e as relações sociais não são naturalmente construídas, assim também o é com os sentimentos e preferências, o que torna necessário questionar essa opção.

A sociedade burguesa estabeleceu quem são aquelas e aqueles considerados "não dóceis", sobretudo aqui no Brasil, quando amargamos não menos que três séculos de escravidão. Pensando que somos herdeiras e herdeiros desse processo colonial escravista, distribuídos intencionalmente em papéis antagônicos na reprodução capitalista, existem, de um lado, aqueles beneficiados por arranjos sociais — mesmo que não sejam donos dos meios de produção –, cuja sobrevivência é facilitada pela forma com a qual a sociedade o lê (branco, cis, hetero); e, do outro lado, os que vivem as mazelas procedentes desta forma de produzir e reproduzir a existência. Neste último grupo, está mais da metade da população brasileira, constituída pela negritude e pelos povos originários.

É importante falarmos de produção e reprodução da existência para delimitarmos um marco epistemológico da totalidade da vida humana, do direito a viver — negado pelo Estado burguês, retrógrado, misógino, racista, homofóbico, sob o qual vivemos. Basta olhar os índices de feminicídio, extermínio da juventude negra, crime de homofobia, incêndios criminosos na Amazônia. Sobreviver não nos basta. Sobreviver é pouco para a sociedade que sonhamos e lutamos.

Há muito vem se falando, no Brasil, sobre a necessidade premente de reorganização da esquerda nacional. E, com ênfase desde 2016, o trabalho de base, fim do "ciclo do PT", derrota estratégica, descrédito das organizações. Mas é passada a hora de falarmos dos corpos revolucionários, que infelizmente se encontram setorizados nessas instituições.

Quem está formulando essa retomada? É sério que ainda seremos, negritude e povos originários, voz non grata? Seguirá a imposição dos capitães do mato? É sério que o racismo estrutural e estruturante nos colocará para disputar os mesmos lugares folclorizados? E nós, aceitaremos para garantir nossa sobrevivência?

Os questionamentos não são palavras jogadas ao vento. Existe um cansaço das não respostas. Neste final de década, vimos aprofundar o adoecimento mental na sociedade brasileira — na militância, não seria diferente. As organizações da negritude e dos povos originários vêm fazendo o exercício de não aceitar a construção feita pelo senhor de engenho, reproduzida em todas as instâncias sociais que utilizam de forma perversa, como mecanismo de controle e de manutenção do poder, o silenciamento e a invisibilidade da nossa história.

Tal enfrentamento nos custa a sanidade. Por vezes, as nossas falas são interpretadas como “desabafos”, retirando seu conteúdo político, para restringir e delimitar a luta como histeria. Quando se pactua, na política, o diálogo a partir dos corpos dóceis, se contribui para a manutenção dos espaços de privilégios e, consequentemente, se estabelece o não-lugar político para os corpos conflitantes/dissonantes e até não amáveis. Sim, não amáveis mesmo, porque é abismal discutir afetos na política. Dissocia-se. Desumaniza. É menor. É pós-moderno. Não agrega. Sério? Então vá para o raio que parta com esse "Ninguém solta a Mão de Ninguém".

Não se perde nenhum militante para vida: expurga-se. Todavia, parece que o conflito advindo dos corpos não dóceis tem tendência a ser uma questão para aqueles e aquelas que se privilegiam dos espaços de micro poder exercidos na democracia burguesa que, contraditoriamente, neste período, estamos defendendo em luta.

Estamos indo para a segunda década deste início de milênio. A tarefa é reorganizar a esquerda brasileira, se aprumar no caminho. Viver. As meninas e povo no poder, como dizem Milton e Brant, só será possível se, em vez de sobreviver, o povo brasileiro tiver as condições de viver plenamente a soberania nacional sem negociatas e concessões, sejam elas objetivas ou subjetivas.

Por fim, coragem para radicalizar nas construções de afetos, questionar, se questionar, ousar, não ter receio do conflito, acreditar que é possível construir a unidade na diferença e fazer outra abolição. Se Palmares não vive mais, faremos Palmares de novo.

* Ativista da Rede de Mulheres Negras de Minas Gerais e cantora do Afoxé Bandarere.

Editado por: Daniel Giovanaz

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