Ataque

Suspeito de atacar Porta dos Fundos está foragido, diz Polícia Civil após operação

Operação foi realizada nesta terça-feira (31) para encontrar Eduardo Fauzi Cerquise, mas ele não foi encontrado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Especial de Natal "A Primeira Tentação de Cristo" incomodou fundamentalistas e conservadores brasileiros
Especial de Natal "A Primeira Tentação de Cristo" incomodou fundamentalistas e conservadores brasileiros - Reprodução

A Polícia Civil do Rio de Janeiro está atrás de um dos suspeitos de atacar a produtora do Porta dos Fundos, no Humaitá, na zona sul carioca. Eduardo Fauzi Richard Cerquise é apenas um dos cinco integrantes que foram gravados por câmeras de segurança jogando bombas de fabricação caseira no local. 

Nesta terça-feira (31), a polícia fez buscas pelo suspeito em dois endereços comerciais e dois residenciais. Em uma das casas, na Barra da Tijuca, foram apreendidos R$ 119 mil, munições para armamentos, uma arma falsa e uma camisa de entidade filosófica e política. Como ele não foi encontrado em nenhum dos locais, já é considerado foragido. 

De acordo com o delegado Marco Aurélio de Paula Ribeiro, titular da 10ª Delegacia de Polícia, em Botafogo, o alvo da operação “tem um perfil violento, antagônico. Ele tem livros ligados à religião cristã e ao islamismo. Ele é empresário, de classe média alta".

Em 2013, Cerquise agrediu o então secretário de Ordem Pública do Rio de Janeiro, Alex Costa. Na ocasião, ele desferiu um soco contra Costa após uma operação de fechamento de um estacionamento irregular no centro da cidade. O suspeito tem outros 20 registros criminais por ameaça e agressão. 

Segundo a Polícia Civil, Cerquise foi identificado por câmeras após retirar o capuz logo após o ataque, no dia 24 de dezembro. 

O ataque

O ataque ocorreu em resposta ao Especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo, produzido pelo Porta dos Fundos. Disponível na Netflix, o filme de comédia foi duramente criticado por setores fundamentalistas e conservadores por retratar Jesus Cristo como homossexual. 

A produtora informou que, se não fosse a presença de um segurança que conseguiu controlar o fogo, a sede seria totalmente incendiada. 

Três homens que se identificam como integrantes do Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira gravaram um vídeo reivindicando a autoria do ataque a bomba contra a sede da produtora do grupo de comédia Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro (RJ). 

Os homens gravados nas imagens estão fardados, levam o símbolo integralista e aparecem encapuzados. Um deles, sentado diante de uma mesa forrada com a bandeira da monarquia, lê uma mensagem com a voz distorcida por mais de dois minutos e afirma que o Porta dos Fundos é "marxista cultural" e atua com o objetivo "destruir nosso povo, nossa crença, nosso patrimônio imaterial".

O mesmo grupo teria feito um ataque à Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), no fim do ano passado, queimando bandeiras e faixas antifascistas.

Em outro momento do vídeo, o porta-voz do grupo declara que o Porta dos Fundos realizou “um ataque direto contra a fé do povo brasileiro” e se esconde “atrás do véu da liberdade de expressão”. Ele classifica ainda a Justiça brasileira como “Judas” por permitir que a Netflix veicule a sátira. 

“Quando a revolução integralista vier, todos estarão condenados ao justiçamento revolucionário. Nós, integralistas, não renegamos o nosso papel histórico e nos incubiremos de ser a espada de Deus. A revolução integralista é a revolução do espírito”, continua. Imagens do ataque com coquetéis molotov são exibidas enquanto o manifesto é lido.
 

Edição: Camila Maciel