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Assassinato de líder do Irã pelos EUA deve agravar conflito na região

Morte do comandante Qassem Soleimani por ordem de Trump deve forçar reação iraniana e elevar conflito

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O general Qasem Soleimani era um comandante do alto escalão da Guarda Revolucionária Islâmica
O general Qasem Soleimani era um comandante do alto escalão da Guarda Revolucionária Islâmica - AFP

O assassinato de Qassem Soleimani nesta sexta-feira (3), principal líder do setor de inteligência e das forças de segurança do Irã, forçará o país a uma reação política e militar sem precedentes desde o início da Guerra do Iraque, no começo dos anos 2000. Soleimani foi morto após ataque com drones ao aeroporto de Bagdá, no Iraque, ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã morreu junto com sete integrantes de milícias iraquianas apoiadas pelo governo do Irã. O drone americano MQ-9 Reaper disparou mísseis contra um comboio que deixava o aeroporto.

Para Sanam Vakil, pesquisador do programa para Oriente Médio e Norte da África do instituto Chatham House de Londres, uma resposta iraniana à morte do general é inevitável. “Qassem Soleimani era um estrategista e general muito bem sucedido e desenvolveu a doutrina atual da política externa iraniana. Sua morte vai ser incrivelmente celebrada e lamentada ao mesmo tempo dentro do Irã. E vai ser quase impossível para a República Islâmica não responder ao seu assassinato”, afirmou o especialista ao jornal alemão Deutsche Welle.

Washington alega que Soleimani havia autorizado ataques contra a embaixada dos Estados Unidos no Iraque, que foi recentemente invadida por manifestantes, e também um ataque contra a base de Kirkuk, que matou um paramilitar norte-americano e deixou outros feridos.

Segundo o Financial Times, Soleimani era considerado uma das 50 pessoas que marcaram a década. De acordo com a revista americana Foreign Policy, o assassinato de Soleimani irá aproximar os EUA e o Irã de um conflito direto. Os dois países vinham se confrontando de maneira indireta, em territórios de países terceiros, como Iraque, Síria e Líbano.

“Não tenho certeza se o governo americano pensou em algumas das consequências potenciais da sua ação ou se está preparado para proteger os seus militares das consequências deste conflito se o Iraque virar uma zona de guerra, com mísseis iranianos atacando bases americanas e mais perdas de vidas americanas”, disse Sanam Vakil. “É muito difícil não haver um conflito militar total entre Teerã e Washington.”

Edição: Rede Brasil Atual