Paraná

LUTA PELA TERRA

Conheça as três comunidades do Paraná ameaçadas de despejo pelo governo Ratinho Jr

Localizados em Cascavel, acampamentos têm 20 anos de existência e somam 212 famílias Sem Terra

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Após cerca de 20 anos de trabalho e desenvolvimento, as 212 famílias que vivem nas comunidades estão sob risco iminente de despejo
Após cerca de 20 anos de trabalho e desenvolvimento, as 212 famílias que vivem nas comunidades estão sob risco iminente de despejo - Foto: Diangela Menegazzi

Moradias simples, igrejas, campos de futebol, pequenos armazéns, açudes, crianças brincando livremente, poucas cercas e muita produção de alimentos. Essas são características comuns entre os acampamentos Resistência Camponesa, Dorcelina Folador e 1º de Agosto, localizados em Cascavel, oeste do Paraná. Após cerca de 20 anos de trabalho e desenvolvimento, as 212 famílias que vivem nas comunidades estão sob risco iminente de despejo.

A ordem de reintegração de posse chegou no dia 15 de dezembro e trouxe angústia ao período de festas de Natal e Ano Novo dos agricultores e agricultoras, que integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As áreas fazem parte do complexo de fazendas Cajati. Vivem nas terras cerca de 800 pessoas, sendo 250 crianças e 80 idosos.

Como forma de denunciar a ameaça de destruição dos acampamentos, as famílias iniciaram uma mobilização permanente no dia 28 de dezembro, às margens da Rodovia BR 277, altura do km 557. A ação ocorre todos os dias, das 10h às 15h e leva o nome de Vigília da Resistência Camponesa: por Terra, Vida e Dignidade. Ao longo de 2019, primeiro ano de Ratinho Junior (PSD) à frente do governo do Paraná, nove comunidades foram destruídas e cerca de 500 famílias desalojadas. 

Conheça um pouco mais sobre as três comunidades de Cascavel: 

Resistência Camponesa

(Foto: Diangela Menegazzi)

A área de 446 hectares foi ocupada em maio de 1999, e hoje conta com moradias, salão de festa, igrejas católica e evangélica, campo de futebol, além de diversas outras pequenas estruturas para abrigo da criação de animais. A comunidade é composta por 52 famílias, incluindo 50 crianças e adolescentes que estudam em escolas do campo localizadas no assentamento Valmir Mota.

Na produção, destaca-se o cultivo de mandioca, batata, frutas hortaliças, milho, feijão, abóbora e arroz, com prioridade na produção de alimentação. O excedente é comercializado em feiras ou por outros meios para a geração de renda. Cerca de 20 famílias da comunidade estão em processo de certificação de produção orgânica e fazem parte da Rede Ecovida.

Dorcelina Folador

(Foto: Ednubia Ghisi)

Localizada mais próximo ao Distrito de Rio do Salto, a área foi ocupada em agosto de 1999 e é composta por 52 famílias. Os camponeses e camponesas construíram casas, possuem energia elétrica, água encanada, campo de futebol e outros espaços de lazer, igrejas e espaços comunitários de festas e confraternização. 

Na agricultura, produzem diversas culturas para o auto-sustento, destacando-se as frutíferas e hortaliças. Há ainda espaço para a produção de milho e soja, geralmente cultivados com a finalidade de geração de renda para adquirir alimentos e utensílios que ainda não são produzidos na comunidade. As cerca de 80 crianças e adolescentes que vivem na comunidade estudam no distrito de Rio Salto.

1º de Agosto

(Foto: Ednubia Ghisi)

As comunidades 1º de Agosto e Dorcelina Folador fazem parte do mesmo imóvel rural. Somando a faixa de preservação permanente, a área tem cerca de cinco mil hectares. Com 110 famílias, a comunidade foi formada no início de agosto de 2004 e fica localizada entre as outras duas comunidades. As crianças e adolescentes do acampamento frequentam as escolas do campo localizadas no assentamento Valmir Mota. As famílias vivem em comunidade com moradias próximas, água, energia elétrica e com estruturas mais precárias, mas não menos organizada que os outros dois acampamentos.

A área de produção é dividida em parte iguais entre as famílias, com destaque para a pastagem coletiva, que fica próximo do acampamento, além da área de agricultura, com aproximadamente 350 hectares, em que se destaca o milho, soja e mandioca. Nas proximidades do acampamento e das moradias, cultivam hortaliças e outras culturas destinadas à alimentação, como frutíferas, porcos, galinhas e bovinos. 

*Com informações do Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR.

Edição: Lia Bianchini