Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Apagão em Porto Alegre: de quem é a culpa?

A culpa disso tudo é do temporal que assolou Porto Alegre no final da tarde de ontem? Certamente não.

Aldacir Oliboni |
"A culpa do apagão começa lá em cima. Na política do governo Bolsonaro de sucatear os serviços públicos"
"A culpa do apagão começa lá em cima. Na política do governo Bolsonaro de sucatear os serviços públicos" - Foto: reprodução

A própria CEEE estima que entre 130 mil e 160 mil residências de Porto Alegre estejam sem luz há mais de 15 horas. Isso significa que pelo menos um terço da população ainda estava às escuras na manhã de hoje (16/01). Por esse fato, a prefeitura de Marchezan emitiu comunicado que 50 dos 86 bairros da cidade poderão ficar sem água. Por incompetência da gestão municipal, as casas de bombeamento não possuem geradores próprios e 13 delas estariam paralisadas.

A culpa disso tudo é do temporal que assolou Porto Alegre no final da tarde de ontem? Certamente não. Já haviam locais com falta de luz antes dele ocorrer e talvez ele tenha piorado a situação, mas não é o culpado.

Saiu numa pequena matéria de um jornal local que no dia de ontem que ocorreu um problema no Sistema Interligado Nacional de energia. É ele quem abastece as subestações de distribuição das companhias elétricas. Isso ocasionou o apagão que estamos vivendo. O último que ocorreu foi na década de 1990 durante o governo federal de FHC, do PSDB.

A culpa do apagão começa lá em cima, portanto. Na política do governo Bolsonaro de sucatear os serviços públicos oferecidos à população e de buscar privatizar empresas de setores estratégicos. Até mesmo o fim do horário de verão pode ter contribuído para essa ocorrência, visto que o consumo de energia nessa estação do ano é cada vez maior em tempos de aquecimento global e de temperaturas de 40°C até mesmo no sul do continente onde vivemos. A sobrecarga de energia faz o sistema falhar.

Essa culpa tem continuidade aqui no RS onde ano após ano a CEEE é sucateada. Eduardo Leite (PSDB) tem dado continuidade à política de Sartori (MDB) nesse sentido. Menos funcionários, menos investimentos, menos energia e mais terceirização dos serviços. Agora, quer privatizar aquilo que dá lucro na CEEE (geração e distribuição de energia) é deixar a conta dos milionários passivos trabalhistas que a empresa possui para o contribuinte pagar.

Por fim, embora não seja culpa do direto pelo apagão, o governo Marchezan (PSDB) gerou um outro problema: o da falta de água. Utiliza a mesma lógica dos governos Bolsonaro e Leite de não investir na cidade e sucatear o serviço público, terceirizá-lo e se puder privatizá-lo. Se, desde o período anterior ao Natal, bairros da zona leste e zona Sul da cidade enfrentam a constante falta de água pela falta de investimentos de Marchezan, hoje pelo menos 60% das residências de Porto Alegre podem estar enfrentando o mesmo problema. Há 13 casas de bombeamento de água totalmente paradas por não possuírem geradores elétricos. Dessa forma a água não chega na casa das pessoas.

A culpa do apagão energético e da falta de água no dia de hoje é do alinhamento de governos que não demonstram compromisso com o interesse público. Ao contrário, se esforçam para sucatear os serviços que deveriam ser prestado às pessoas com objetivo de beneficiar os mais ricos através de terceirizações, concessões e privatizações daquilo que pode dar lucro. Uma apropriação indevida do dinheiro público em favor de grandes empresas e contrário aos que mais precisam do fortalecimento dos serviços públicos. Ou seja: a população cada vez mais empobrecida da nossa cidade, estado e país.

*Vereador Aldacir Oliboni (PT), líder da oposição em Porto Alegre.

Edição: Marcelo Ferreira