Minas Gerais

Atualização

Juiz faz vistoria em três acampamentos do MST em terras de Eike Batista

Áreas em Itatiaiuçu (MG) e São Joaquim de Bicas (MG) passam por processo que pode levar a despejo

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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O movimento denunciou a invasão e assédio a mulheres feito por PMs nos acampamentos
O movimento denunciou a invasão e assédio a mulheres feito por PMs nos acampamentos - Foto: Mari Rocha

Nesta terça (21), três acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) localizados nas cidades de Itatiaiuçu (MG) e São Joaquim de Bicas (MG) receberam o juiz Walter Zwicker para uma inspeção judicial. A vistoria visa recolher informações para um processo que corre na Vara Agrária, com audiência de conciliação marcada para 29 de janeiro, em que há possibilidade de despejo.

Os Acampamentos Maria da Conceição, Zequinha e Pátria Livre são objeto de atenção, já que há um mês passaram por uma ocupação da Polícia Militar. O movimento denunciou a invasão e assédio a mulheres feito por PMs nos acampamentos. Segundo os acampados, os policiais arrancaram a bandeira do MST e montaram uma base militar, sem maiores explicações.

Durante a inspeção de hoje, nove viaturas da Polícia Militar entraram nos acampamentos, segundo o MST, sem informar ou negociar com as famílias acampadas e sem motivo aparente. O movimento denuncia que a PM faz a ação para constranger as famílias, antes mesmo da decisão da Justiça, e usam de truculência. Os advogados das empresas proprietárias dos terrenos, MMX e Comisa, acompanharam a comitiva, assim como o deputado federal Rogério Correa (PT).

Mirinha Muniz, da coordenação e direção do MST em Minas Gerais, opina que é provável que a justiça dê a reintegração de posse ao proprietário da terra, o milionário Eike Batista, o que significa a expulsão de mais de 1.500 famílias. “Hoje, como está a sociedade, a gente não quer que mais de 1500 famílias estejam na rua, e sim produzindo, tendo moradia e educação de qualidade”, defende Mirinha.

História

Os três acampamentos foram ocupados entre março de 2017 e julho de 2018. Segundo o MST, as três áreas de Eike Batista “escancaravam o descaso com a preservação da água e dos animais, tinham resquícios de exploração e degradação e estavam abandonadas”. Além da produção agrícola, o acampamento Pátria Livre reconstruiu uma escola, hoje em funcionamento.

Os acampamentos passam também, depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, por perda de produção pela falta de água, problemas de saúde e transtornos que impactaram diretamente a vida das famílias. O acampamento Maria da Conceição convive ainda com a poeira da mineração todos os dias.

Edição: Raíssa Lopes