Uma decisão da Justiça do Trabalho na noite de sábado (1) determinou o restabelecimento da energia elétrica no quarto andar da sede da Petrobrás, na região central do Rio de Janeiro. Uma sala de reunião está ocupada no local desde a tarde de sexta-feira (31) por cinco dirigentes da Federação Única dos Trabalhadores (FUP) que fazem parte da Comissão de Negociação Permanente.
Ainda no sábado, a estatal solicitou à Justiça a reintegração de posse do edifício, alegando que os petroleiros estão atrapalhando o funcionamento das atividades no prédio.
Os dirigentes, por sua vez, afirmam que só vão deixar o local se a direção da empresa voltar atrás na decisão de dispensar mais de mil trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen). Os petroleiros também reivindicam o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Em entrevista à TV 247, na tarde deste domingo (2), o diretor da FUP Deyvid Bacelar, um dos ocupantes do prédio da Petrobras, afirmou que, apesar de a energia ter sido restabelecida, a empresa se negou a ligar o ar-condicionado da sala, medida que também estava prevista na decisão judicial. A Justiça determinou multa por descumprimento de R$ 100 mil por hora.
“A tática de guerra deles era cortar a luz, nos atingir psicologicamente, cortar a água - para a gente estar nesse estado, há quase 48 horas sem mesmo um banho - e cortar a comunicação, pra gente não poder falar com a categoria e nem com a sociedade brasileira sobre o que está acontecendo aqui”, afirmou.
Impedidos de receber alimentos
O dirigente também relata que os grevistas presentes no local estão com a alimentação comprometida, devido à impossibilidade de receberem alimentos.
“A gente está aqui à base de biscoito, barras de cereais e água, apenas. As pessoas que estão tentando nos enviar alimentação, infelizmente, não estão sendo permitidas de acessarem o prédio, ainda que seja somente para entregar”, disse.
A ocupação do prédio da Petrobras ocorre em paralelo à greve da categoria, que teve início às 0h deste sábado (1). De acordo com a FUP, 13 estados aderiram à paralisação. O movimento, segundo Bacelar, deve crescer durante a semana com a adesão de outras categorias.
“É de suma importância que essa luta não seja apenas dos petroleiros e das petroleiras. Essa luta é em defesa do patrimônio público, do serviço público, da soberania nacional, dos empregos, dos preços justos para os combustíveis, é da sociedade brasileira”, ressalta Bacelar.
Em nota, a Petrobras informou que a ocupação contraria as normas da empresa, mas que não há qualquer retaliação ao grupo.
A empresa também classificou como "descabido" o movimento grevista. "As justificativas são infundadas e não preenchem os requisitos legais para o exercício do direito de greve. Os compromissos pactuados entre as partes vêm sendo integralmente cumpridos pela Petrobras em todos os temas destacados pelos sindicatos", diz o comunicado.
Edição: Geisa Marques