Reconhecimento

Papel de Marisa era central no PT e no governo, diz biógrafo da ex-primeira-dama

Livro será lançado na semana em que a morte de Marisa completa três anos

Opera Mundi | São Paulo |

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03-02-20 Marisa Letícia Ricardo Stuckert
Nesta segunda-feira (3), completam-se três anos da morte de Marisa Letícia por AVC - Ricardo Stuckert

Marisa Letícia Lula da Silva desempenhou um papel central desde a criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, até os anos em que ocupou o Palácio do Planalto ao lado do ex-presidente Lula nos anos de governo que duraram de 2003 até 2009. Essa é a visão de Camilo Vannuchi, jornalista e escritor, autor da biografia da ex-primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia Lula da Silva, que será lançada nesta quarta-feira (5) pela editora Alameda, em evento na sede do PT em São Bernardo do Campo. 

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Segundo Vannuchi, o livro não apenas funciona como uma biografia que percorre toda a trajetória de Marisa, desde sua infância até sua morte por um AVC em 3 de fevereiro de 2017, mas também busca ressaltar o protagonismo da ex-primeira-dama em decisões políticas tanto dentro do partido como no governo.

"A Marisa foi a principal conselheira do Lula nesses 40 anos de relacionamento. Há episódios em que o Lula saía de alguma reunião, fosse no PT, no Planalto ou no Instituto [Lula] com uma decisão tomada, mas que no dia seguinte, voltava tendo mudado de ideia por coisas que eles conversavam à noite", disse o autor.

Em entrevista ao Opera Mundi, o biógrafo de Marisa afirmou que a maior dificuldade ao escrever o livro foi manter Lula fora dos holofotes e permanecer fiel à ideia de escrever um livro sobre a ex-primeira-dama. "Em alguns momentos eu pensei em fazer um livro sobre a história do casal, da militância deles como casal. Mas a opção foi contar a história da Marisa junto com a história do Brasil, do sindicalismo e da redemocratização pelo olhar da Marisa. De como ela participou e enxergou esses processos", disse.

Vannuchi ainda destaca que Marisa passou por transformações após a vitória eleitoral de Lula em 2002, quando a circunstância política "exigiu dela uma postura pública". "Ela teve, em 2002, uma mudança marcante. Ela substituiu Lula muitas vezes durante a campanha. Pela primeira vez ela se tornou personagem, participou do programa eleitoral, mudou o cabelo, as roupas e, após a vitória, passou a ter assessoria de imprensa e cumprir uma agenda de eventos", afirmou o autor.

Últimos momentos

O livro de Vannuchi ainda traz os últimos momentos da vida da ex-primeira-dama, já envolvida no clima de perseguição que a Operação Lava Jato ajudou a fomentar contra o PT e contra Lula. Segundo o autor, esse cenário jurídico e midiático pode ter contribuído para a morte de Marisa. "Ela passou a fumar mais, comer mal, beber um pouco mais. Um mês antes de ela ter o AVC, ela estava bastante ansiosa, falando 'não deixem fazer o que eles estão fazendo com minha família'. Então a sensação que eu tenho como biógrafo é que [a Lava Jato] teve influência sim", disse.

Ainda segundo o autor, a reclusão que o casal se submeteu nos últimos meses antes da morte de Marisa, também pode ter contribuído para um quadro de saúde frágil. "A construção do ódio contra o PT, na imprensa e na sociedade, vem de muito antes. Isso junto com a Lava Jato ajudou para colocar Lula e Marisa numa vida reclusa", afirmou.

Edição: Opera Mundi