No quintal de Sandra de Jesus tem cenoura, brócolis e milho. Sem nenhum veneno, produzidos de maneira orgânica. Sandra é uma das produtoras do acampamento Maria Rosa do Contestado, que fica localizado na cidade de Castro, no Paraná. O acampamento existe há três anos e todas as 230 famílias que vivem ali têm plantações orgânicas. “A gente vem fazendo uma luta agroecológica, plantando sem veneno”, diz Sandra.
Parte do que é produzido no acampamento é entregue semanalmente no campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), num sistema de cestas com produtos da safra. Todas as quintas-feiras, o campus abriga duas barracas de produtos orgânicos vindos de produções do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Hebe Gonçalves é uma das consumidoras das cestas. Ela conta que escolhe consumir alimentos orgânicos por entender que são alimentos mais saborosos, mais duráveis e mais saudáveis. Hebe lembra ainda que consumir orgânico é pensar também no benefício coletivo. “O cultivo orgânico é sempre de um pequeno camponês. É uma família que está ali trabalhando para uma geração de renda. Isso também faz parte do valor do produto orgânico”, afirma.
Do quintal de sua casa no acampamento Maria Rosa do Contestado, Sandra diz que seu sonho é ver a área onde produz regularizada. A comunidade é uma das 80 áreas de acampamento do Paraná em risco de despejo. “Do jeito que está, a área está em perigo. Pra ter sossego é só consolidando o assentamento e isso nós sabemos que é possível acontecer, porque essa área é pública e a gente não está fazendo nada fora da lei”, lembra a agricultora.
Produção orgânica
Segundo dados do Cadastro Nacional de Produtos Orgânicos (Mapa), existem, no total, 4.908 produtores orgânicos certificados no Paraná. E, de acordo com dados do programa Paraná Mais Orgânico, o estado tem o maior número de propriedades de produção de alimentos orgânicos do país: cerca de 2,4 mil.
