PREOCUPANTE

Feminicídio continua crescendo na Paraíba, aponta Anuário da Segurança Pública

Número absoluto de mulheres assassinadas caiu, porém feminicídio ainda é causa preponderante

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
faminicidio protesto
Rafael Furtado - Foto

O estado da Paraíba registrou um crescimento de 11,76% no número de casos de feminicídio em 2019, segundo dados do Anuário da Segurança Pública da Paraíba de 2019. O número de casos passou de 34, em 2018, para 38, em 2019.

Ainda que o aumento seja alarmante, denota um vetor constante, principalmente se compararmos os anos de 2017 e 2018, quando os casos saltaram de 22 para 34, um aumento de 53% no índice de mulheres vítimas por sua condição de gênero. 

Segundo o Anuário Brasileiro da Violência, no período de 2019, a Paraíba teve a quarta maior alta em relação aos estados brasileiros, atrás apenas de Sergipe (163,9%), Amapá (145,2%) e Rondônia (100%).

Alerta

O feminicídio ainda é a principal causa de assassinato das mulheres na Paraíba.

O Anuário da Segurança Pública da Paraíba mostra que 73 mulheres foram mortas em 2019 no estado, sendo 34 (ou seja, 46,58 %) vítimas de feminicídio. Em 2018, o mesmo dado apurou 84 mulheres assassinadas, sendo 38 vítimas de feminicídio (45,24 % do total).

Laryna Lacerda, uma das coordenadoras do Centro da Mulher 8 de Março, analisa os dados com ressalvas, uma vez que podem estar subestimados: “Esses dados são inquéritos abertos, investigados e denunciados ao Ministério Público, e são avaliados no campo de visão deles sobre o agravante de feminicídio. Eles (os dados) diferem do que é divulgado por parte dos meios de comunicação no estado, que é nossa fonte de compilação dos números, e também pelos casos que entendemos se configurarem em feminicídio”, aponta ela.

O sangue das mulheres em números

Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, segundo o Datafolha.

Em 2018, foram 221.238 registros de casos que se enquadram na Lei Maria da Penha. Nove em cada dez assassinatos de mulheres são praticados por companheiros ou ex-companheiros. Apenas 4 dentre 100 mulheres assassinadas por feminicídio chegaram a fazer boletim de ocorrência.

Desigualdades de gênero podem ser visibilizadas, também, através de dados colhidos a partir da realidade e condensados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, em 2018, as mulheres que exercem alguma atividade profissional, dedicam 73% de horas a mais para tarefas domésticas do que os homens, e ainda têm a remuneração salarial inferior a deles. 

Outros fatores agravam o quadro de violência e desigualdades ao que as mulheres estão inseridas. Apenas 7,9% dos municípios brasileiros possuindo delegacias especializadas no atendimento a mulheres, dado da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic).

8 de março

Diante dos dados o que resta é lutar por uma mudança cultural e política na questão da violência contra as mulheres.

Neste 8 de março, a ação construída por dezenas de organizações de mulheres do estado, terá como lema “Basta de violações: juntas na luta por direitos”. O evento acontecerá no Busto de Tamandaré, a partir das 16h, com participação de artistas como Val Donato, Gatunas, Tia Ciata, Gláucia Lima, Cida Alves e Slam das Minas. Durante o ato serão homenageadas as militantes feministas Paula Oliveira Adissi, Fernanda Benvenutty e a capoeirista Cris. Também será construída uma agenda estadual de lutas durante todo o mês de março. 

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Rodrigo Chagas e Heloisa de Sousa