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Protagonismo das mulheres e denúncia de feminicídios marcam carnaval paulistano

Com 140 ritmistas mulheres, o Bloco Pagu desfilou pelas ruas do centro de São Paulo nesta terça-feira (25)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Mulheres celebraram a liberdade no Bloco feminista Pagu; a professora Daniela Rocha elogiou o fato de se sentir à vontade em um bloco feminista - Sheila de Oliveira

O protagonismo das mulheres foi uma das marcas do carnaval paulistano deste ano. Como foliãs, instrumentistas, mestras de baterias e à frente da organização de blocos, elas coloriram as ruas de São Paulo e passaram suas mensagens sobre feminismo, do empoderamento feminino e contra o assédio.

Entre os mais de 600 blocos que desfilaram na cidade, o Pagu se destaca pelo protagonismo feminino. Com 140 ritmistas mulheres, o grupo desfilou pelas ruas do centro de São Paulo, nesta terça-feira (25).

Entre as bandeiras, estavam a igualdade entre gêneros, a liberdade feminina e a denúncia de casos de feminicídio que bateram recorde na capital paulista em 2019.

Mariana Bastos, fundadora do Bloco Pagu, conta que esse foi o primeiro ano que o grupo trouxe um tema, que foi o feminicídio. “Escolhemos a cor vermelha que está presente na vida particular de cada mulher. Na violência sofrida, no aborto que deveria ser uma questão de saúde pública, na menstruação que não é vista de forma natural”, explica.

Outro tema levantado pelo desfile carnavalesco foi o assédio sexual. As participantes entrevistadas pelo Brasil de Fato foram unânimes ao dizer o quanto se sentiam à vontade estando em um bloco feminista. “Infelizmente, quando vamos num bloco que não traz essa pauta, o assédio e as brigas são muito mais frequentes”, alertou a professora de língua portuguesa Meyre Cardoso.

Jéssica Eliana, que trabalha em uma empresa de tecnologia, ressaltou que, a partir do momento em que se vive em uma sociedade extremamente machista e misógina, onde a mulher é atacada o tempo todo, é fundamental ter um bloco para se sentir confortável vestida da forma que quiser. “É importante as mulheres se reunirem, se fortalecerem e mostrar que estão seguras juntas”. 

Com um traje inspirado na pintora mexicana Frida Kahlo, a psicóloga Sabrina Sorci levou as duas filhas pequenas para conhecer o Bloco Pagu. Para ela, a luta feminista é longa e o Carnaval é o momento de reforçar a mensagem de que a mulher tem o direito de estar onde quiser, sem ter seu corpo violado. “O ‘não é não’ significa dizer chega. Para encostar em mim, eu tenho que permitir”, disparou.

Pagu

O Bloco Pagu desfila em seu quarto ano e o nome homenageia a jornalista, escritora e ativista política brasileira, Patrícia Galvão, a Pagu. Defensora da participação ativa da mulher na sociedade e na política, foi filiada ao PCB (Partido Comunista) e a primeira brasileira do século 20 a ser presa política, ao participar de uma greve de estivadores em Santos. 

Pagu apoiava a esquerda revolucionária e criticava as feministas de elite, e os valores das mulheres paulistas das classes dominantes.

Edição: Vivian Fernandes