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Xique-xique é base de doces e fonte de renda para agricultores em Pernambuco

A experiência está presente no Assentamento Mandacaru, na região do Rio São Francisco

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O xique-xique é resistente às variações climáticas na região semiárida - Foto: Ozaneide Gomes
A experiência está presente no Assentamento Mandacaru, na região do Rio São Francisco

Ao longo do ano, a paisagem sertaneja faz uma espécie de “hibernação invertida”. É que as cores do inverno sugerem uma caatinga que sente e se aproveita da abundância de chuvas. 

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Em outras épocas, a mata branca no período de estiagem é sinal de preservação, em que as energias das plantas, por exemplo, serão poupadas até o próximo inverno. Essa regra, porém, não vale para a cactácea xique-xique, geralmente verde do inverno ao verão. 

A estabilidade do xique-xique às mudanças climáticas é uma referência de alimento importante para a região semiárida. Rico em fibras e nutrientes, esse tipo de cacto é considerada uma Planta Alimentícia Não Convencional (Panc). 

Historicamente associada à alimentação animal na região nordeste, a planta ganha, cada vez mais, novas perspectivas para a alimentação humana. Além de estudos que apontam sua importância nutricional para as pessoas, o xique-xique também faz parte de culinárias sofisticadas.  

Em Petrolina (PE), por exemplo, em pleno sertão do São Francisco, a Associação de Agricultoras e Agricultores Familiares do Assentamento Mandacaru (AAFAM) utiliza o xique-xique de formas variadas, mas duas delas são as principais. 

“O doce de xiquexique ou geleia sãos os carros chefes da comunidade. Sempre que participamos de feiras esse doce é destaque por ser exótico e riquíssimo em fibras e magnésio”, explica a agricultora agroecológica Ozaneide Gomes, presidenta da AAFAM. 

Petrolina está localizada às margens do Rio São Francisco, a 700 quilômetros da capital pernambucana, Recife. Gomes afirma que os derivados do xique-xique fizeram sucesso em viagens da AAFAM por estados como Bahia, Paraíba e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. 

A receita, segundo ela, não tem segredo. “Retiramos toda a parte de espinho - que ele é bem espinhoso - e utilizamos aquela parte de dentro do xique-xique. Há higienização com hipoclorito de sódio. O xique-xique é triturado no liquidificador e levado à panela por quarenta a cinquenta minutos. Depois, acrescenta-se açúcar ou rapadura - aqui, preparamos com rapadura - e deixa agir por mais trinta minutos no fogo, até que dê o ponto”.

Consumir o doce e a geleia de xique-xique, além de nutritivo, colabora com as 70 famílias que vivem no Assentamento Mandacaru. Fundado em 1999, o território de 482 hectares é uma referência na produção orgânica e certificada de hortaliças e frutas, tudo isso ao redor de grandes monocultivos, a exemplo da produção de uvas, comumente realizadas na perspectiva do agronegócio.

O e-mail [email protected] está disponível para quem desejar encomendar o doce ou a geleia de xiquexique produzida pela AAFAM.

Edição: Geisa Marques