Feminismo camponês

As bruxas e curandeiras da saúde popular no 1° Encontro de Mulheres do MST

Integrantes do movimento usam práticas e conhecimentos populares como estratégia de luta e resistência

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Curandeiras, benzedeiras e terapeutas populares atendem militantes no 1º Encontro Nacional de Mulheres do MST - Vanessa Nicolav

No 1º Encontro Nacional de Mulheres do MST, que ocorre até segunda-feira (9) em Brasília, um dos diversos espaços é dedicado ao autocuidado e à saúde popular. Nele, curandeiras, benzedeiras e médicas populares atendem mulheres dos 26 estados e 13 países que estão presentes na atividade. O ambiente é um dos maiores montados no Pavilhão do Parque da Cidade, que recebe desde a última quinta-feira (5), mais de 3500 mulheres sem-terra e de movimentos feministas para discutir os desafios da lutas das mulheres na conjuntura atual do Brasil e do mundo.

"O objetivo desse espaço é fazer com que as pessoas se sintam bem. As pessoas vêm pra cá muitas vezes para relaxar e descansar. E a gente procura não só cuidar do físico das pessoas, mas também do mental. Às vezes, as pessoas não estão com uma doença, elas só precisam conversar, desabafar. E isso elas não têm muitas vezes", é o que conta Josinara de Lima, do setor de saúde do MST do Rio Grande do Sul, uma das terapeutas populares que atende no local.

Além do acolhimento, a tenda da saúde popular oferece sessões de massagens, escalda-pés, auriculoterapia, reiki, terapia de ventosas e análises mais tradicionais, como medição de pressão. "Todas essas práticas são conduzidas aqui por nossas mulheres, nossas cuidadoras, nossas bruxas, nesse espaço da saúde", explica Alexandra Rodrigues, do setor de saúde do MST de Pernambuco

 

"Para nós do MST, a saúde hoje é tema de suma importância. Por isso achamos importante discutir, em cunho político, o cuidado. O cuidado com o outro, as práticas integrativas e o resgate de nossas práticas que ainda existem em nossos assentamentos e acampamentos", afirma Rodrigues.

A militante e assentada também destaca a importância da pauta da saúde específica da mulher, em um momento em que os retrocessos da conjuntura afetam mais diretamente a vida delas.

"Nesse contexto, nós estamos adoecendo com esse desmonte que está acontecendo, com essa política, estamos adoecendo cada vez mais, mentalmente. Então, hoje, discutir saúde como mulheres, nos fortalece, e faz com que a gente enxergue a importância de estarmos na luta buscando nossos direitos, melhorias de qualidade de vida, e saúde", conclui Rodrigues.

Edição: Mauro Ramos