Pandemia

"Apesar das fragilidades, SUS está preparado para coronavírus", diz sanitarista

Para Célia Medina, supervisora no Mais Médicos em São Paulo, fortalecimento da atenção básica pode conter pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |

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“A gente está de fato numa pandemia de um vírus mais agressivo do que os outros. mas que não é também para se entrar em pânico, desespero", pondera a médica sanitarista - Vanessa Nicolav

O Sistema Único de Saúde (SUS) passará por um dos maiores desafios desde sua criação: combater a pandemia do novo coronavírus, que já tem mais de 234 casos e outros 2.064 casos suspeitos em todo o Brasil

Um dos pilares contra o avanço do vírus é a Estratégia de Saúde da Família, programa que, desde 1993, por meio do trabalho comunitário na atenção básica já erradicou doenças como o Sarampo e a Poliomelite. 

Para a médica sanitarista e supervisora no Programa Mais Médicos na Grande São Paulo, Maria Célia Medina, apesar do sucateamento e da sobrecarga, o SUS está preparado e é a principal alternativa para milhões de brasileiros que terão que enfrentar o Covid-19. 

"A gente acredita que agora essa pandemia pode ter o benefício dessa estrutura, apesar de que hoje a gente tem um SUS um pouco mais enfraquecido, com um número de profissionais reduzidos, a gente perdeu mais de 18 mil médicos do programa mais médicos”, explica Célia, que endossa o coro do Conselho Nacional de Saúde (CNS) pela revogação do teto dos gastos.

De acordo com estudo do CNS, a emenda já tirou R$ 20 bilhões do SUS, desde sua implantação em 2016 no governo de Michel Temer.

Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é que o total de infecções pelo novo coronavírus aumente nas próximas semanas. Cidades como São Paulo e Rio de janeiro já registram a chamada transmissão comunitária, quando a trajetória dos contágios não pode mais ser rastreada. Em São Paulo, já são 152 o número de casos confirmados e 1.177 suspeitos. 

Prevenção para reduzir danos

Com a possibilidade de transmissão comunitária, a estratégia do Ministério da Saúde agora é diminuir os danos que o vírus pode causar à população. Entre as recomendações está o isolamento domiciliar ou hospitalar para pessoas com sintomas da doença além da recomendação para que pacientes com casos leves procurem as Unidades Básicas de Saúde. 

O Ministério da Saúde estima que, sem a adoção das medidas preventivas em todos os estados brasileiros, o número de casos da doença dobre a cada três dias. A nível mundial,  já foram registrados mais de 142 mil casos da doença em pelo menos 118 países, com mais de 5 mil mortes.

“Por tudo que se tem estruturado no país na área da saúde eu acho que a gente vai conseguir lidar com a melhor maneira possível até diante dessas fragilidades. Se a gente não tivesse o SUS, seria muito difícil o Ministério da Saúde elevar, permeabilizar, capitalizar tudo isso no meio da população”, afirma Célia.  

 

Edição: Leandro Melito