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Tiro, agressão e aglomeração: como foi a manifestação bolsonarista em São Paulo

Uma jovem foi baleada e outro rapaz foi agredido por três homens

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Bolsonaro havia convocado as manifestações, mas depois recuou diante do avanço das contaminações pelo covid-19 - José Cruz/Agência Brasil

As manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o último domingo (15) foram marcadas por tiro e agressões, na Avenida Paulista, região central de São Paulo (SP). Na esquina com a rua Frei Caneca, por volta das 18h, três homens agrediram um jovem. Pouco antes, perto dali, um homem disparou um tiro em frente ao Shopping Center 3 e atingiu uma moça de 19 anos.

De acordo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), um homem se envolveu em uma briga com um casal, quando sacou a arma e disparou em direção ao chão. A bala atingiu a perna da mulher do casal, uma estudante de 19 anos, que foi socorrida por policiais militares e encaminhada ao Hospital das Clínicas.

O autor do disparo, um motorista de 56 anos, foi desarmado e levado à delegacia, de acordo com informações do Boletim de Ocorrência. A arma foi apreendida e o caso registrado como lesão corporal.

Pouco depois, outra briga se iniciou quando um homem sem camisa esbarrou em três manifestantes pró-governo. Segundo a Ponte Jornalismo, o homem agredido ficou com um corte na boca, joelho sangrando e o dedo inchado.

“Questionado sobre o motivo das agressões, um dos homens de amarelo afirmou que teria sido agredido primeiramente, mas a reportagem viu o momento em que o homem dá o primeiro golpe”, afirma a reportagem da Ponte.  

Ao Brasil de Fato, a SSP-SP afirmou que as circunstâncias dos dois casos estão sendo investigadas pelo 78° Distrito Policial (DP), localizado no bairro Jardins, região central da capital paulista.

Manifestações em meio à pandemia

As manifestações deste domingo (15) ocorreram em diversas cidades do país, contrariando o pedido dos governos estaduais e federal, assim como as recomendações de organizações internacionais, de cancelamento de qualquer tipo de aglomeração. Bolsonaro havia convocado as manifestações, mas depois recuou diante do avanço das contaminações pelo covid-19.

Os manifestantes pró-governo – cerca de 5 mil, de acordo com um levantamento informal feito por policiais militares – se colocaram contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) atribuindo a essas instituições o “verdadeiro vírus” e o “verdadeiro perigo ao Brasil”. Em alguns cartazes, manifestantes escreveram que o vírus é “politizado” e “uma invenção da mídia”. 

Em uma praça de Goiânia (GO), o governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), apoiador de Jair Bolsonaro, foi vaiado por manifestantes após pedir para estes evitarem aglomerações. O governador começou dizendo aos presentes que é um dos poucos apoiadores do presidente, e foi aplaudido por todos. Logo depois, fez a ressalva de que as manifestações são um perigo para a saúde pública, e saiu do local ao som de vaias.


Em Boa Vista, capital de Roraima, o ato reuniu pouco mais de dez pessoas; o estado é fronteiriço com a Venezuela / Foto: Brasil de Fato

Edição: Leandro Melito