Mobilização

Na região metropolitana do Rio, Niterói se destaca em combate ao coronavírus

Cidade com o segundo maior número de casos no estado terá primeiro hospital exclusivo para tratar covid-19

Brasil de Fato | Niterói (RJ) |
Niterói/ MAC
Niterói foi uma das primeiras cidades do país que bloqueou o acesso às praias e decretou quarentena total - Divulgação

Apesar de ser a segunda cidade com mais casos registrados do coronavírus no estado do Rio de Janeiro, Niterói está bem distante dos números da capital. Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde, no município localizado na região metropolitana são 19 casos confirmados e uma morte, de um idoso de 69 anos. Enquanto a cidade do Rio soma 212 casos e uma morte, de uma mulher de 58 anos.  

Do total de casos de Niterói, dois estão curados, 13 em casa em isolamento e três hospitalizados, sendo um deles na unidade de terapia intensiva (UTI). Ainda não há casos de transmissão comunitária. 

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É preciso pontuar que especialistas acreditam ser muito cedo para chegar a conclusões sobre a manifestação da infecção no país. Outro questão que pesa é que Niterói tem uma quantidade significativamente menor de população que a capital: são cerca de 500 mil habitantes contra 6,3 milhões de pessoas. 

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Embora tenham que ser levado em conta essas considerações, a cidade tem apresentado soluções diferentes das outras regiões do país que tem chamado atenção internacional. Não pelo ineditismo das medidas, mas pelo planejamento, em um país que não tem tido respostas conjuntas para a contenção da doença a partir do governo federal comandado por Jair Bolsonaro (sem partido). 

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Em janeiro deste ano, foi criado em Niterói o Grupo de Resposta Rápida que é responsável por tratar assuntos relacionados ao novo coronavírus, definindo fluxos de encaminhamento, reserva de leitos, compras de equipamento e medidas de prevenção.

O Wall Street Journal destacou, na edição da última sexta-feira (20), na parte dedicada ao Brasil uma foto da cidade fluminense que mostra a Praia de Icaraí, um dos cartões postais, interditada para banho e atividades esportivas. A cidade foi uma das primeiras do país que bloqueou o acesso às praias e decretou quarentena total, deixando apenas serviços essenciais em funcionamento (como farmácias, supermercados, postos de combustíveis, padarias, pet shops, clínicas médicas e odontológicas)

Para incluir toda a população na quarentena, a prefeitura anunciou vagas nos abrigos do município para acolhimento da população de rua e, caso este número não seja suficiente, prometeu arrendar hotéis que estejam fechados para o encaminhamento dessas pessoas. Está estimado ainda que até esta terça-feira (24) seja concluída a entrega das 32 mil cestas básicas para as famílias que têm alunos matriculados na rede pública de ensino.

Além disso, o prefeito Rodrigo Neves (PDT) foi destaque no noticiário nacional ao anunciar na última semana que Niterói terá, em breve, o primeiro hospital para tratamento exclusivo de pacientes contaminados com o covid-19 do país. A prefeitura vai arrendar, por um ano, o Hospital Oceânico, localizado em Piratininga, na Região Oceânica. Desativado, o prédio construído pela iniciativa privada está praticamente pronto para uso. Ele passará por adaptações para em seguida entrar em funcionamento.

Outra notícia anunciada na última segunda-feira (23) é o início do processo para desinfectar bairros da cidade. O produto utilizado na limpeza é o quaternário de amônia de quinta geração - mesmo utilizado no combate ao coronavírus na China. A medida foi tomada após conversas com o cônsul da China no Rio de Janeiro, Li Yang. Segundo a prefeitura, após Icaraí, bairro que concentra o maior número de idosos em Niterói e teve registrado a maior parte dos casos, o trabalho de desinfecção será feito em quatro unidades de saúde da cidade: Policlínica do Largo da Batalha, Policlínica da Engenhoca, Unidade de Urgência da Região Oceânica e o Hospital Carlos Tortelly.

No último sábado (21), a Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Niterói ainda abriu edital para contratação emergencial de 456 profissionais de saúde entre enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. A seleção será realizada por meio de análise de currículo, de forma online.

Impacto na economia

Para dar conta das medidas de combate ao coronavírus, o município tem suplementação orçamentária de R$ 200 milhões destinada para a área de saúde e proteção social. Foi criada também a Câmara Temática da área econômica, com representantes de entidades empresariais e industriais da cidade, para acompanhar constantemente e discutir medidas para reduzir o impacto na economia.

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Com estabelecimentos fechados e muitos trabalhadores parados, o município já antecipou o 13 salário dos servidores públicos, também tomou medidas para gerar renda. Uma delas é a abertura de um edital para que artistas possam produzir conteúdo e compartilhar online. O programa chamado “Arte em rede” contempla a produção de lives, vídeos e podcasts remunerados. 

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Outra proposta apresentada pela prefeitura, que ainda precisa de autorização da Câmara de Vereadores, é o auxílio no valor de R$ 500 por três meses para cada micro empreendedor individual (MEI) do município. A proposta é mais efetiva do que a apresentada pelo governo federal e ainda não aprovada pelo congresso. Nela, o governo anuncia um benefício de até R$ 200, por três meses, para trabalhadores de baixa renda que sejam informais, autônomos e desempregados.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Vivian Virissimo