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Brasil pós-pandemia: explosão do desemprego e da violação de direitos

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A retomada será lenta e muito sofrida. A fome vai bater a porta de muita gente - Pedro Stropasolas/Brasil de Fato
Não vamos renascer em um mundo melhor, mas talvez os opostos não sejam mais tão opostos

Imaginar que renasceremos para um mundo melhor e mais amoroso, depois da pandemia, conforta os espíritos sensíveis, mas é uma ilusão.  O cenário futuro mostra uma tragédia: aumento das desigualdades, explosão do desemprego, agravamento das violações de direitos.

Esse é o mundo que encontraremos depois da quarentena. As forças democráticas, mais do que nunca, terão papel decisivo diante da crise.

Se havia algum otimismo em relação à economia, esse otimismo acabou. A Fundação Getúlio Vargas aponta uma queda de 4,4% no Produto Interno Bruto em 2020. Alguns analistas, em projeções pessimistas, falam em retração de até 7,7%, caso a contaminação pelo coronavírus seja muito maior do que a média europeia.

A única certeza, por ora, é que o melhor a fazer é o confinamento, para reduzir a contaminação e poder retomar as atividades de forma segura, talvez em maio ou junho. Só o gabinete do ódio, que vive seus estertores finais, ainda luta contra a Ciência

Na China, a retomada da atividade está diretamente vinculada à diminuição da disseminação do vírus. Nos países da Europa, também. No Brasil não será diferente.

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Desemprego

O cenário futuro é de desemprego em massa, principalmente para os trabalhadores informais, que representam 40% da força de trabalho ocupada no Brasil. A retomada será lenta e muito sofrida. Trabalhadores formais também vão perder emprego. As desigualdades vão aumentar e as violações de direitos se agravarão.

Os desempregados do pós-pandemia farão qualquer coisa, por qualquer preço, em troca de um prato de comida. A fome vai bater a porta de muita gente. O atual governo, na atual configuração, não está preparado para mudanças profundas na política social e econômica.

Bolsonaro será o boi de piranha, jogado às feras para salvar o capital.

A retomada do emprego será mais lenta que a retomada da vida fora do confinamento. Alguns analistas têm falado em até 19% de desemprego, em dezembro desse ano. É uma tragédia de proporções históricas. 

O movimento social terá que se unir, as forças democráticas terão que se unir. Não vamos renascer em um mundo melhor e mais amoroso. Mas podemos renascer em um mundo onde os opostos não sejam mais tão opostos, em nome da vida e da sobrevivência de nós mesmos. 

Edição: Rodrigo Chagas