Rio Grande do Sul

FUNCIONALISMO GAÚCHO

Salário dos servidores que atuam no combate ao coronavírus veio com desconto da greve

SindsepeRS denuncia que, mesmo durante a pandemia, o governo estadual segue punindo a categoria

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entre outras áreas, profissionais da Saúde estão entre os que tiveram descontos em seus salários - Foto: Divulgação Fepps

Em meio a pandemia da covid-19, os servidores públicos gaúchos, que desde o ano de 2015 não recebem sequer a reposição da inflação, continuam com os salários parcelados e atrasados. Além disso, o governo está descontando um percentual de cerca de 25% dos trabalhadores, referente à greve unificada que os servidores fizeram no período de 26 de novembro a 20 de dezembro. A denúncia foi deita pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (SindsepeRS).

O sindicato fez várias tentativas de diálogo com o governo para negociar os dias parados, já que a greve foi uma luta dos trabalhadores contra os atrasos no pagamento dos seus salários e contra o pacote de reforma administrativa estadual, que acabou sendo aprovado pelo governador Eduardo Leite (PSDB). “Todas as tentativas fracassaram, porque ou não fomos recebidos ou quem nos recebia eram pessoas do terceiro ou quarto escalão”, conta a presidente do SindsepeRS, Diva Costa.

“Temos feito esta denúncia desde o início dos descontos, mas agora com a pandemia, a situação ficou ainda mais agravada porque boa parte dos trabalhadores estão na linha de frente na batalha contra a covid-19 e muitos deles têm um vencimento básico inferior ao salário mínimo nacional”, afirma.

Diva ressalta que são os servidores públicos, principalmente da Saúde e Educação, os responsáveis pelo atendimento ao povo excluído. “É quem que atende à parcela da população que é mais atingida pelos elevados índices de desigualdade social, que vive em locais onde há precariedade de moradia e saneamento básico e onde o acesso a atendimento das necessidades mais elementares é mais difícil".

Como exemplo da importância que o serviço público e os servidores têm para o funcionamento do Estado e para o atendimento à população, afirma a nota do sindicato, “podemos lembrar o excelente trabalho realizado no Laboratório Central do Estado (LACEN), que, até então, é o único laboratório qualificado para receber e analisar as amostras dos testes da covid-19”.

“Enquanto muitos países afetados pela pandemia do coronavírus oferecem políticas de proteção social à população, com transferência de renda e alívio de impostos”, critica a nota, “o governo do RS, alinhado a selvageria irracional de quem está presidindo o nosso país, sustenta a prática de confiscar parte do salário dos trabalhadores grevistas no momento mais dramático da nossa história.

Confira a nota do SindsepeRS na íntegra:

GOVERNO LEITE SEGUE ATACANDO OS SERVIÇOS PÚBLICOS E OS SERVIDORES!

Em meio a pandemia da covid-19, os (as) servidores (as) públicos do estado, que desde o ano de 2015 não recebem sequer a reposição da inflação, continuam com os salários parcelados e atrasados.

Como se não bastasse, enfrentam anos de desrespeito pelo seu trabalho e pelas suas vidas, impostos por governos autoritários, mentirosos e privatistas que não dialogam com as representações sindicais.

Foram também criminalizados pela greve unificada, realizada nos meses de novembro e dezembro de 2019. Uma greve justa contra os atrasos salariais e para impedir a votação do “Pacote da Morte”. O governo insiste em continuar castigando as categorias, aplicando a todos os grevistas, descontos nos seus salários pelos dias de greve.

Neste momento, onde é necessário o enfrentamento ostensivo ao combate e disseminação da covid-19 os trabalhadores do Serviço Público continuam realizando suas atividades para que o Estado não pare e efetive com sucesso a luta contra o coronavírus, garanta o atendimento e o cuidado com segurança à saúde de todos (as).

Diante disso, é desumano o castigo imposto aos (as) servidores (as) que se depararam, novamente neste mês, com o desconto de 25% dos seus vencimentos. Mas vale salientar que é criminosa esta punição aos da área da Saúde, que estão na linha de frente, atendendo a população mais vulnerável que precisa ser cuidada, orientada e tratada.

Devemos lembrar que são estes (as) que atendem a parcela da população que é mais atingida pelos elevados índices de desigualdade social, onde há precariedade de moradia e saneamento básico e de acesso ao atendimento das necessidades mais elementares.

No Brasil, a concentração de renda é brutal e as mais variadas doenças como dengue, tuberculose e agora a covid-19 se aconchega com tranquilidade e faz e fará o maior número de vítimas. Sendo que a população que não pode adotar medidas de isolamento social, porque necessita ir às ruas todos os dias para ganhar o sustento da sua família, será a mais atingida.

Como exemplo da importância que o serviço e os (as) servidores (as) públicos têm para o funcionamento do Estado e para o atendimento à população, podemos lembrar o excelente trabalho realizado no Laboratório Central do Estado (LACEN), que, até então, é o único laboratório qualificado para receber e analisar as amostras dos testes da covid-19.

Desde o surgimento dos primeiros casos de coronavírus no Rio Grande do Sul, no LACEN os (as) servidores (as) trabalham todos os dias incansavelmente, inclusive nos finais de semana, sem ganhar nenhum centavo a mais, para dar conta de prestar um serviço rápido e eficiente na análise de todas as amostras de testes coletados em todo o estado. O LACEN é público e realiza todas as suas atividades sem custo nenhum.

Alguém é capaz de argumentar que perante a grave situação que vivemos no nosso país, há motivos concretos para que o governo continue cometendo tal atrocidade?

Enquanto muitos países afetados pela pandemia do coronavírus oferecem políticas de proteção social à população, com transferência de renda e alívio de impostos, o governo do RS, alinhado a selvageria irracional de quem está presidindo o nosso país, sustenta a prática de confiscar parte do salário dos trabalhadores grevistas no momento mais dramático da nossa história.

O conjunto dos servidores estaduais fundamentais para a oferta de serviços públicos de qualidade, passará pela pandemia do coronavírus com os bolsos esvaziados, punidos pela coragem de ter lutado contra a injustiça do governo estadual.

Governador!
Respeite os (as) Servidores (as)
Chega de atraso dos salários e descontos da greve.
A população precisa de nós!

Edição: Katia Marko