Ofensiva

Trump confessa que não quer “outros países conseguindo máscaras”

O presidente dos EUA pagou valores altos a fornecedores chineses, que romperam contratos com Brasil e outros países

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Donald Trump ofereceu à China valores mais altos pelos produtos médicos, deixando outros países sem contrato com o país asiático - AFP

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou que “não quer outros países conseguindo máscaras”. Os Estados Unidos enviaram 23 aviões cargueiros para retirar, na China, milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs) para abastecer o mercado estadunidense. Produtos, como máscaras, estão em escassez no mercado internacional devido à pandemia do novo coronavírus.

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 “Precisamos das máscaras. Não queremos outros conseguindo às máscaras. É por isso que estamos acionando várias vezes a lei de produção de defesa. Você pode até chamar de retaliações porque é isso mesmo. É uma retaliação. Se as empresas não derem o que precisamos para o nosso povo, nós seremos muito duros”, afirmou Trump em uma coletiva de imprensa neste sábado (2).

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Governadores do Nordeste afirmaram, em suas redes sociais, que uma carga de respiradores foi barrada em Miami. Rui Costa, governador da Bahia, classificou as declarações de Trump como “lamentáveis” e deixou um recado para o presidente estadunidense.

“O mundo precisa de respiradores e outros insumos nesta guerra contra o coronavírus. Deixa o capitalismo selvagem de lado e seja solidário”. Ele ainda informou que “na Bahia e no Nordeste, vamos continuar trabalhando incansavelmente e buscando alternativas no mercado”. 

O governador do Maranhão, Flávio Dino, reforçou a informação. “Compramos respiradores em conjunto com outros estados do Nordeste. Equipamentos não chegaram por causa desse confisco mundial efetuado pelos Estados Unidos. Estamos organizando nova compra no âmbito do Consórcio Nordeste, além das nossas próprias aquisições. Luta todo dia", afirmou em seu perfil no Twitter.

Donald Trump ofereceu à China valores mais altos pelos produtos médicos, deixando outros países sem contrato com o país asiático. A medida significa um drible que o presidente Donald Trump, o “amigo” de Jair Bolsonaro (sem partido), aplicou no Brasil, que perdeu seus contratos com o governo chinês, por conta da expressiva compra dos estadunidenses.

Em coletiva na última quarta-feira (1), Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, lamentou a manobra americana. Ele afirmou que a primeira entrega de equipamentos chegou a ser feita ao governo brasileiro. A segunda parte, no entanto, não ocorreu. Mesmo com contrato, os fornecedores afirmaram que não tinham mais o produto. 

“A gente espera que a China volte a ter uma produção mais organizada, e a gente espera que os países que exercem o seu poder muito forte de compra já tenham saciado as suas necessidades para que o Brasil possa entrar e comprar a parte para proteger nosso povo”, afirmou Mandetta.

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Até às 7h20 deste domingo (5), cerca de 311 mil cidadãos estadunidenses foram infectados pelo novo coronavírus, enquanto o número de mortos chegava a aproximadamente 9 mil.

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O diretor do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos -  cargo que corresponde ao de ministro da Saúde no Brasil - Jerome Adams, afirmou no domingo que o novo coronavírus provocará no país ao longo desta semana, um impacto semelhante ao que foi sentido com o ataque contra a base naval de Pearl Harbor, na Segunda Guerra Mundial, e com o atentado contra o World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

“A próxima semana será o nosso momento semelhante a Pearl Harbor. Será como se fosse o nosso 11 de setembro. Será o momento mais difícil para muitos americanos em todas as suas vidas”, afirmou Adams.

No Brasil, até este domingo, foram cerca de 11.130 infectados e 486 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde. No sábado (4),  o secretário-executivo da Saúde, João Gabbardo dos Reis, informou que é é prevista uma mudança na fase epidêmica para quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas) e o Distrito Federal e apontou "fase de aceleração descontrolada" em alguns locais.

“Começamos a entrar numa fase de crescimento, de uma curva íngreme de novos casos. Estamos numa transição da primeira frase, de transmissão localizada, e percebendo que em alguns locais estamos na fase de aceleração descontrolada, com um número muito maior de casos”, declarou o secretário. 

Edição: Leandro Melito