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Descubra o segredo de Manoel Vitorino (BA) para ser o maior produtor de umbu no mundo

Município apostou no valor agregado da fruta para que produtores locais aumentassem plantio e renda

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A iniciativa de treze mulheres gerou um cooperativa para ampliar as possibilidades de produção do umbu, que antes era apenas vendido a atrevessadores e não gerava renda no município - Foto: Divulgação/Cooproaf
Município apostou no valor agregado da fruta para que produtores locais aumentassem plantio e renda

A cidade de Manoel Vitorino (BA), no sudoeste da Bahia, é considerada a capital do umbu no mundo. Por ano, são produzidas cerca de 50 toneladas da fruta exclusivamente brasileira, que mistura um sabor adocicado com acidez. Para descobrir o que tornou a cidade o paraíso do umbu, é preciso olhar a geografia da região. A combinação do solo com o clima semiárido do bioma da caatinga, fazem Manoel Vitorino ter condições de plantar mais de 60% de toda a produção do umbu no mundo. 

Apesar da disposição natural, durante muitos anos a fruta não gerou renda para a cidade. Em 2004, uma pesquisa identificou que o alimento era utilizada para uma única atividade econômica na região. O umbu era coletado pelos catadores e era vendido a atravessadores que pagavam valores baixos para revender em Salvador ou Recife, por exemplo. Marilda Ouro é de Manoel Vitorino e lembra o período em que apenas se balançavam umbuzeiros para coleta e se vendia na beira das estradas. 

“A desvalorização era por falta de conhecimento mesmo. Até então ninguém sabia que daria para agregar tanto valor ao umbu. Só se sabia fazer a polpa, por parte das indústrias. Mas na verdade não se sabia nada sobre umbu”, analisa. 

Em 2006, as coisas começaram a mudar. O município elaborou um plano para cadeia produtiva do umbu, firmou parcerias e realizou capacitações. Nesse contexto, 13 mulheres se juntaram para produzir alimentos derivados de umbu. A organicidade do coletivo era improvisada, utilizando cantina de escola em período de férias ou mesmo o revezando entre a casa das participante


Durante muitos anos o comércio de umbu na região se limitava à venda para atravessadores, o limitava a renda dos produtores locais. Foto: Divulgação/Cooproaf

Em 2010, o número de 13 mulheres pulou para 23, abrindo espaço ainda para um homem. Essas 24 pessoas fundaram a COOPROAF (Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia). A experiência hoje conta com 80 pessoas que, a partir do umbu, produzem polpas, sucos, geleias, doce cremoso, doce de pote, compota e o doce que é chamado como “nego bom”, a receita mais comercializada pela cooperativa, como explica Marialda Ouro, presidenta da COOPROAF.  

“Com a existência da cooperativa ainda não conseguimos processar nem 1% da produção aqui em Manoel Vitorino, com quatro agroindústrias que temos [na COOPROAF]. Mas essa pequena porcentagem que fica no município é agregada valor, já que é transformada em outro produtos. E conseguimos ter o umbu durante o ano todo, não só no período da safra”, ressalta.


Umbuzeiro, fruta exclusivamente brasileira, é um dos símbolos do sertão baiano. Foto: Divulgação/Cooproaf

A safra do umbu é de dezembro a fevereiro. O umbuzeiro faz um contraste de imagens ao longo do ano. Na estiagem todas as folhas caem, ficando apenas galhos. No período de chuvas a árvore de copa frondosa fica florida e bastante carregada de frutos.  O umbu é rico em vitaminas B e C, ajuda no sistema digestivo e tem ação antioxidante, o que significa dizer que pode combater o envelhecimento precoce, doenças cardíacas, câncer e artrite.  

Para entrar em contato com a COOPROAF, uma dica é acessar a fanpage da cooperativa no Facebook.

Edição: Lucas Weber