É lamentável que as lideranças políticas e as autoridades ainda não tenham se dado conta de que o momento é extremamente diferente de tudo o que se viveu nos últimos 70 anos na humanidade.
É uma situação de guerra sem a existência de batalhas. As pessoas estão impedidas de trabalhar e manter suas rotinas em função de um inimigo invisível, porém letal.
Em meio a essa nova situação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende apenas um lado: o grande capital e seus cegos apoiadores. Do outro lado, há uma oposição preocupada em desgastar a figura já em agonia do presidente.
O povo fica entre essa guerra. Os bancos, de maneira sórdida e egoísta, continuam com juros abusivos em cartões de crédito e cheques especiais (mais de 200% ao ano). Onde estão as autoridades para determinar juro zero e moratória total de, no mínimo, seis meses? Está na hora desses “sanguessugas do trabalho” darem sua cota de sacrifício, sob pena de amanhã ter dinheiro e não haver como consumir. A submissão do governo federal nos coloca sob risco de perder a identidade como nação.
Os governos estaduais e municipais não conseguem quebrar as regras, estando ainda a “cabresto” da lei de responsabilidade fiscal. Lei essa imposta pelo Banco Mundial para colocar os países em desenvolvimento de joelhos diante de suas políticas monetárias, que retiram o dinheiro dos cofres públicos e distribuem entre especuladores sob o título de “parceria público privada (PPP)”, com a descarada mentira de agilidade e eficiência.
É necessário dar um basta e exigir que as autoridades e políticos se unam para enfrentar o inimigo invisível, rompendo as regras monetárias, ignorando a responsabilidade fiscal em favor da responsabilidade social. Para isso, exigimos a criação de fundos municipais para agilizar a ajuda aos mais atingidos e historicamente vulneráveis, bem como austeridade com os bancos, exigindo o fim dos juros e uma moratória geral.
*Ricardo Silva é advogado e assessor do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Vivian Fernandes e Marcos Corbari