Ciência

Conheça iniciativas de universidades federais gaúchas no combate ao coronavírus

Polos de produção de ciência e tecnologia, faculdades também desenvolvem diversos tipos de trabalho com a população

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Sob cortes de orçamento e constantes ataques do governo, instituições públicas mostram relevância do investimento em educação - Filipe Peres

A comunidade científica brasileira está mostrando seu valor com o desenvolvimento de pesquisas e iniciativas de apoio aos governos e à população. Pesquisadores, professores, estudantes, técnicos, bolsistas e voluntários de universidades federais pelo país trabalham incessantemente para contribuir no combate ao coronavírus.

Em todo o Brasil, superam cortes de orçamento e os constantes ataques à educação pública promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, para produzir equipamentos para hospitais, testes de detecção da covid-19 e, entre outras iniciativas, até mesmo articular doações para famílias de baixa renda.

A fim de mostrar todo esse trabalho que vem sendo realizado, o Brasil de Fato no Rio Grande do Sul fez um levantamento das iniciativas realizadas pelas universidades federais localizadas em solo gaúcho. A seguir, confira os principais projetos em andamento na UFRGS, UFCSPA, FURG, UFSM, UFPel, UNIPAMPA e UFFS.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são diversas as ações nas mais variadas frentes de atuação. Uma delas atua diretamente no auxílio de famílias da periferia de Porto Alegre. Desenvolvida por estudantes, professores e pesquisadores da UFRGS, a Rede de Solidariedade com e pela comunidade contra o coronavírus (Solicom) trabalha junto às comunidades do Morro Santana, Glória, Cruzeiro e Cristal, com doação de alimentos e materiais de higiene.

Cerca de 300 mil pessoas são alcançadas, conta a coordenadora do projeto, a professora da Faculdade de Farmácia da UFRGS Denise Bueno. São 30 estudantes e 60 professores e pesquisadores de diversas áreas envolvidos na ação. Cada área aplica seus conhecimentos de acordo com a necessidade do local. “A Faculdade de Farmácia produziu e está distribuindo álcool gel com orientações, o Serviço Social organizou postos de coleta de alimentos e produtos de higiene para atender a alta demanda diante do isolamento social. Além disso, parcerias com outras unidades, como o curso de Ciências Sociais e outros cursos também fazem com que essa rede multiplique”, exemplifica.

Realização de testes de covid-19

A UFRGS se prepara para realizar entre 400 e 500 testes de covid-19 por dia, sob demanda do Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (LACEN/RS). Os testes serão realizados pelo Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS/UFRGS), que na última semana fez um pedido de doações para a compra de insumos e pequenos equipamentos.

Segundo a diretora do ICBS, Ilma Brum da Silva, o Instituto não tem a quantidade de equipamentos necessária para atender a grande demanda por testes. Ela disse que já foi feita a convocação de voluntários, entre docentes, técnicos e estudantes de pós-graduação, e o pedido foi aceito por dezenas de pessoas. O Instituto está sendo preparado para iniciar os trabalhos, com a alocação de equipamentos e a organização de salas para o serviço, mas o Instituto não tem a quantidade de equipamentos necessária para atender a grande demanda por testes.

O principal foco, segundo Ilma Brum, é a realização do teste para detecção da covid-19 em profissionais de Saúde envolvidos na linha de frente do combate à doença, já que a identificação desses casos é de suma importância para conter uma disseminação do vírus entre as equipes médicas.

Desenvolvimento de alternativas para testes

O Centro de Biotecnologia da UFRGS (CBiot) formou uma rede de colaboradores, envolvendo o Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS/UFRGS) e as empresas Amplicon e QuatroG, para montar um teste molecular RT-PCR, utilizado para detecção do novo coronavírus, com insumos produzidos localmente. O teste funcionou para o controle positivo do vírus, e os pesquisadores estão avaliando sensibilidade e especificidade para poder validá-lo.

Para a realização do teste, o CBiot está envolvido na produção de um dos insumos necessários, a transcriptase reversa, enzima que está mais em falta no mercado e que é utilizada na primeira etapa do processo. Esta alternativa poderá ser necessária caso a demanda aumente em todo o mundo e laboratórios enfrentem a escassez de insumos devido à dependência de importação e à dificuldade de acesso aos kits formais que estão no mercado.

O diretor do CBiot, Guido Lenz, enfatiza a importância do apoio à ciência nacional, pois, segundo ele, uma situação crítica como a da pandemia da covid-19 pode ser comparada à necessidade de um período de guerra. “Em um momento de ‘guerra’, é preciso produzir seus próprios armamentos”, compara. Desse modo, Lenz destaca o funcionamento de um centro de biotecnologia ‒ como o CBiot ‒ e o investimento contínuo em ciência como ações essenciais para um momento crítico como o que estamos vivendo atualmente.

Protetores faciais para profissionais da Saúde

A UFRGS foi pioneira na produção de máscaras face shield, um equipamento de proteção individual (EPI) com alta demanda atualmente, para os profissionais da Saúde no atendimento de pessoas diagnosticadas com coronavírus. “A gente viu a possibilidade de ajudar. A Escola de Engenharia e Faculdade de Arquitetura abriram alguns laboratórios e começaram produzir um dos equipamentos de proteção individual (EPIs) necessário, que é o protetor facial”, conta a professora e pesquisadora do curso Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cinthia Kulpa.

Estão envolvidos na impressão dos EPIs: o Laboratório de Inovação e Fabricação Digital da Escola de Engenharia (LIFEELAB), o Laboratório de Design e Seleção de Materiais (LDSM), o Laboratório de Paleovertebrados da UFRGS e o Laboratório de Metalurgia Física (LAMEF), com representantes da Escola de Engenharia e da Faculdade de Arquitetura. O Centro Multiusuário de Prototipagem Rápida (CMPR/Parque Zenit) também colabora com insumos e trabalho de elaboração de projetos.

O trabalho é realizado de forma voluntária por docentes, técnicos e bolsistas nas impressoras 3D de vários laboratórios de pesquisa da Universidade, desde o dia 24 de março. Conta com a ajuda de doadores e o apoio do grupo Brothers in Arms Impressão 3D, que reúne mais de 200 voluntários, entre médicos, engenheiros e empresários. Doações podem ser feitas neste link.

Desinfecção de áreas públicas com drones

Um grupo de trabalho integrado por professores da UFRGS e representantes da empresa SkyDrones e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre trabalha no desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (VANTs) para desinfetar áreas públicas. A iniciativa integra o desafio Start Health – Startups vs. Covid-19, promovido pelo Pacto Alegre.

A professora do Instituto de Química Nádya da Silveira explica que o objetivo dos testes é estabelecer condições de aplicação de algum produto químico com poder de desinfecção em áreas públicas ou outros locais em que isso seja necessário. “A partir da nossa experiência no assunto, propusemos o uso dessa substância à base de cloro em uma concentração específica para que ocorra a desinfecção”, relata. A proposta dos professores coincidiu com outros protocolos de limpeza e assepsia utilizados na China, por isso o grupo decidiu utilizar esse composto.

O diretor e fundador da SkyDrones, Ulf Bogdawa, destaca algumas vantagens da pulverização por VANTs: alta eficiência, maior controle de área pulverizada, a preservação de um histórico digital de aplicação do produto desinfetante e maior segurança – já que na operação o contato humano é bem menor. A ideia agora é disponibilizar essa tecnologia para os órgãos públicos locais.

Mapas e dados sobre contágio

A UFRGS disponibiliza painéis de acompanhamento de dados sobre casos de covid-19, reunindo mapas e gráficos informativos, visando ao combate à desinformação e à subnotificação. São dois mapas desenvolvidos pelo Sistema de Informação Geográfica do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, um que acompanha os casos nos municípios brasileiros e um com casos nos municípios gaúchos.

Outras iniciativas

Durante uma internação hospitalar, alguns pacientes podem fazer uso de ventiladores mecânicos ou passar por outros procedimentos que limitam ou impedem a comunicação oral. Pensando nisso, um grupo multidisciplinar da UFRGS desenvolveu pranchas de comunicação alternativa com o objetivo de auxiliar esses pacientes a expressarem suas necessidades. Os cartões e as instruções para uso já estão disponíveis para download e impressão no site do projeto, para que hospitais de outras cidades também possam utilizá-los. Na página também é possível acessar um vídeo com legendas e tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras) com orientações sobre o uso das pranchas.

Com o intuito de disponibilizar informações para pessoas surdas, dois tradutores e intérpretes do Núcleo de Inclusão e Acessibilidade (INLCUIR/UFRGS), Ângela Russo e Luiz Daniel Dinarte, criaram um grupo na rede social Facebook. Os conteúdos são divulgados em vídeos, e a iniciativa já conta com mais de 7 mil membros. Para fazer parte, basta ter uma conta no Facebook e solicitar o ingresso no grupo.

Ângela afirma que o foco é interpretar em libras as matérias veiculadas na grande mídia, no site do Ministério da Saúde e as orientações da OMS. “Com a criação da página, o objetivo é concentrar as informações em Libras que já estavam circulando também por outras ações individuais de intérpretes de Libras de todo o país em um único espaço”. Além de Ângela e Luiz, há a colaboração de professores surdos e tradutores e intérpretes do curso de Bacharelado em Letras – Libras, assim como colaboradores em vários estados do Brasil.

O Instituto de Psicologia da UFRGS formulou uma série de cartões com orientações para auxiliar as pessoas neste momento de isolamento social. O objetivo é propor uma reflexão a respeito da reação emocional no cenário de pandemia. A situação atual pode levar a sentimentos diversos: ansiedade, solidão, estresse, frustração, tédio, irritação, medo ou desespero.

A UFRGS atualiza as ações diariamente em uma página criada para acompanhar e divulgar informações a respeito do coronavírus.

Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

Entre as ações desenvolvidas pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), está a produção de álcool gel para ajudar contra o desabastecimento, destinado às Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. Atuando desde 14 de março, os envolvidos já chegaram à marca de 160kg de material produzido.

Também está produzindo protetores faciais em acetato para profissionais de Saúde em impressora 3D. A fabricação dos face shields está sendo realizada em parceria com a HP, SENAI/CIMATEC, Techtools Ventures e Brasken. Coordenadora do laboratório, a professora Gisele Introíni, ressalta que não basta ter uma impressora 3D e simplesmente sair produzindo os equipamentos. Ela salienta que é necessário seguir as normativas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde). Estas normas definem a espessura do acetato utilizado, a largura das faixas de fixação do equipamento e a espessura do visor, entre outras regras.

O curso de Tecnologia em Alimentos disponibiliza um molde e instruções passo a passo para a confecção de máscaras de tecido por parte da população. Outras ações podem ser acompanhadas em uma página no site da instituição.

Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) foi recentemente contemplada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com bolsas de mestrado e doutorado para estudo e combate à doença. Foram oito bolsas, seis de mestrado e duas de doutorado, destinadas aos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) e em Enfermagem (PPGEnf). A concessão faz parte de uma ação emergencial cujo objetivo é induzir a criação de conhecimento relacionado à prevenção e combate da pandemia.

Testes moleculares e testes rápidos

A FURG, assim como outras universidades gaúchas, juntamente com o seu Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizarão quatro mil testes moleculares (RT-PCR) para diagnóstico do coronavírus em Rio Grande. O teste molecular, diferente do teste rápido que só pode ser realizado após o sétimo dia de sintomas, apresenta um exame biológico completo e permite identificar a presença do vírus já nos primeiros dias da doença. Além disso, a Universidade articula parceria com outras instituições para a compra de mais de oito mil testes sorológicos

Protetores face shields

No dia 25 de março, a FURG passou a produzir máscaras do tipo face shield para uso de profissionais da Saúde. O trabalho é feito por um grupo de professores, estudantes, técnicos, voluntários e egressos da universidade, os quais compõe o ITecCorona, um comitê voltado para pensar soluções em tecnologia e automação para o enfrentamento da atual crise. Tendo em vista o início de uma produção em maior escala, o projeto criou um espaço online para a arrecadação de dinheiro, revertendo a verba angariada em insumos para a confecção de mais máscaras.

Outras iniciativas

Pensando nos cuidados com a higiene em tempos de pandemia, a Universidade, no dia 24 de março começou a produzir 480 litros diários de álcool glicerinado para distribuir, prioritariamente, para unidades de Saúde e forças de segurança. Os primeiros lotes foram entregues no dia 27. O trabalho foi realizado por uma força-tarefa envolvendo professores, técnicos e discentes dos cursos de pós-graduação da Escola de Química e Alimentos (EQA) da FURG.

Tendo em vista que uma das principais formas de combater a proliferação é através da constante higienização das mãos, a FURG desenvolveu e começou a instalar pias portáteis automatizadas para a higienização das mãos dos pacientes e visitantes no Hospital Universitário e nos postos de triagem do Complexo Hospitalar Santa Casa de Rio Grande. As pias estão sendo desenvolvidas na própria universidade, com capacidade de 60 litros.

Com o objetivo de resguardar a saúde dos profissionais envolvidos na linha de frente do combate à covid-19, a Universidade passou a desenvolver caixas de proteção para intubação de pacientes. Trata-se de uma caixa acrílica que protege o profissional no momento da intubação endotraqueal. Cinco unidades do equipamento foram entregues ao Hospital Universitário da FURG e à Santa Casa de Rio Grande, na última sexta-feira (3).

A Escola de Enfermagem da Universidade lançou material educativo sobre coronavírus voltado ao público infantil. Disponível online, "Nosso Final Feliz" foi idealizado pela professora Aline Pintanel e foca na importância da higiene e do distanciamento social, dando também sugestões de atividades para a criançada preencher o tempo durante a quarentena. O material posteriormente ganhará edição física

Já o Instituto de Educação (IE) lançou uma campanha para confecção de máscaras caseiras e doação dos materiais necessários. Todo o material produzido será destinado para a comunidade que não tem condições de fabricá-las, e a primeira remessa será destinada para moradores do entorno do Centro de Atenção Integral à Criança (Caic). O contato dos interessados deve ser realizado pelos seguintes e-mails: mariarenata.alonso@gmail e [email protected], para Rio Grande; e [email protected], para São Lourenço do Sul.

A FURG reúne também projetos como o desenvolvimento de plataforma de vendas online para pequenos negócios; automatização dos respiradores do HU-FURG/Ebserh; desenvolvimento de uma plataforma de monitoramento e mapeamento de casos de covid-19 em Rio Grande. Outras ações podem ser acompanhadas em página da instituição.

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) , da Universidade de Santa Maria, no centro do estado, foi incluído como unidade de referência no município para o enfrentamento do coronavírus. A partir disso, a Universidade criou um canal de atendimento à comunidade para esclarecimentos sobre os procedimentos a serem adotados no combate ao novo coronavírus, o “Disque Covid UFSM”, que funciona as 7h às 19h pelos telefones (55) 3220-8500 e 3213-1800. Também foi criado o Chat do Disque Covid UFSM, ferramenta de atendimento virtual, que pode ser usada por quem apresentar algum sintoma ou tenha alguma dúvida sobre a covid-19.

Plataforma de telemedicina sem fins lucrativos

A UFSM participou do desenvolvimento da 1ª plataforma de telemedicina sem fins lucrativos para o combate à covid-19. Desde o dia 21, está em funcionamento a Lauduz Covid-19 – Saúde Pública Online, serviço gratuito de consultas médicas por videochamadas, destinado aos moradores do município que tenham sintomas do novo coronavírus. Para consultar, basta entrar no site, fazer um cadastro e solicitar o atendimento. De acordo com a Universidade, a Lauduz é a primeira plataforma de telemedicina, sem fins lucrativos, instituída no Brasil, com respaldos legais.

Um grupo de docentes da UFSM do Centro de Tecnologia, Pró-reitoria de Planejamento, junto de médicos da cidade, criaram um projeto para recuperar, adaptar e desenvolver novos respiradores que serão disponibilizados para equipes de Saúde. A proposta é criar um dispositivo que comprima o balão do reanimador automaticamente, sem a necessidade de um profissional para executar esta ação. Esta estratégia permite a utilização do respirador manual para manter a oxigenação do paciente, garantindo que as certificações necessárias sejam atendidas.

A Universidade, desde o dia 31 passou a usar impressoras 3D para a produção de EPIs. Além da impressão da base dos protetores faciais face chields, também foi desenvolvido um molde para injeção de plástico da base, junto ao Colégio Evangélico Panambi.

Tradutores e intérpretes de língua de sinais da Coordenadoria de Ações Educacionais (CAEd), cujas atividades acadêmicas e administrativas presenciais estão suspensas, estão gravando vídeos por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) sobre o coronavírus para que a comunidade surda tenha mais uma ferramenta de acessibilidade e possa ter informações acerca da pandemia.

Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) já produziu 2,5 mil máscaras de proteção face shields para os profissionais de Saúde do Hospital Escola (HE) e das Unidades Básicas de Saúde da região. São três frentes de trabalho atuando na produção dos equipamentos de proteção individual (EPI): o Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec) desenvolve com a tecnologia de impressão 3D, o Centro de Artes confecciona face shields artesanais e uma equipe da Faculdade de Arquitetura está produzindo as máscaras de proteção feitas com acrílico na máquina de corte à laser da unidade acadêmica.

Com o material disponível na UFPel atualmente, ainda serão produzidas cerca de 2 mil máscaras reutilizáveis e 6 mil descartáveis. De acordo com a superintendente do HE/UFPel, Samanta Madruga, não é possível prever a demanda por EPIs durante a pandemia, tendo em vista que a necessidade depende de vários fatores como o número de pacientes e o número de procedimentos.

Testes

Através dos laboratórios do CDTec, a UFPel se prepara para realizar testes para identificar a presença do vírus em pacientes acometidos pela covid-19, uma das principais demandas atualmente para identificar e conter o avanço da pandemia. São duas frentes: testes de RT-PCR que identificam a presença do vírus no estágio inicial da infecção e testes sorológicos rápidos para poder fazer a identificação em massa de pessoas que tiveram contato com o vírus e já apresentam algum grau de imunidade.

Os pesquisadores estão preparando os equipamentos e as equipes científicas para realizar o teste inicial para validação pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (LACEN-RS). Segundo o Diretor do CDTec, professor Tiago Collares, “o desafio é muito grande, mas neste momento a ciência pode contribuir significativamente com os profissionais de Saúde que estão na linha de frente deste enfrentamento”.

Mapeamento da população

O Grupo de Pesquisa Geografia Política, Geopolítica e Territorialidades (GEOTER) do Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais da UFPel realizou um mapeamento para demonstrar a localização da população com mais de 60 anos (Grupo de Risco da Covid-19) por setor censitário e região administrativa no espaço urbano do município de Pelotas.

O grupo trabalha em duas frentes. A primeira é o mapeamento da infraestrutura da Saúde no espaço urbano de Pelotas, buscando compreender quais áreas terão maior pressão por atendimento, caso o vírus se espalhe. A segunda concentra-se no mapeamento das zonas de risco (através dos municípios com maior parcela de população com mais de 60 anos) no estado do Rio Grande do Sul, em conjunto com a evolução dos contaminados e óbitos pela covid-19, objetivando compreender quais áreas do estado estão mais propensas a evoluir no quadro de contaminação.

Atuação junto à comunidade

Para além das contribuições na área de saúde e na ciência, a UFPel vem criando diversas ações para apoiar a população nas necessidades que estão surgindo em decorrência do isolamento social. Uma delas é a campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis e material de higiene e limpeza para doação a quem mais necessita.

A campanha é uma iniciativa da Faculdade de Odontologia e tem por objetivo acolher os alunos da UFPel em situação de vulnerabilidade social e as famílias atendidas pelos CRAS do município de Pelotas. Na mesma linha, a proposta é também arrecadar materiais de higiene pessoal a ser doado ao Hospital Escola, para os pacientes em situação de vulnerabilidade social em tratamento e internação no hospital. A entrega dos donativos deve ser feita na portaria da Faculdade de Odontologia, das 8h às 17h.

O Projeto “O Direito de Olho no Social”, que é executado pelo Serviço de Assistência Jurídica (SAJ) e pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPel (PPGD/UFPel), tem o objetivo de atender a população vulnerável de Pelotas. Faz parte da proposta do Projeto, ao ser demandado pelos educandários, realizar atividades com a participação dos mestrandos e professores do PPGD/UFPel, sobre as principais necessidades da comunidade. Atualmente, o grupo está adaptado ao formato digital, com disseminação de informações à distância, a exemplo da elaboração de uma cartilha para que a população conheça o processo de solicitação do Auxílio Emergencial do governo federal para enfrentar a pandemia do coronavírus.

Em tempo de isolamento social, surgiu o projeto “Tão Longe, tão perto”, um espaço virtual organizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC) para informar, trocar experiências, aproximar as pessoas mesmo longe. De acordo com a pró-reitora de Extensão e Cultura, Francisca Michelon, a ideia do projeto é criar um espaço virtual que reúna várias formas de expressão e comunicação que as pessoas estão usando neste momento. Acesse o espaço neste link.

Outras iniciativas

O Projeto de Produção de Álcool Gel é uma parceria entre a UFPel, a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul). Só nos primeiros três dias, foram produzidos 200kg do produto. As atividades até o momento estão sendo realizadas por cinco professores do curso de Farmácia enquanto a Universidade organiza as escalas dos profissionais e estudantes que irão ajudar na tarefa.

A Universidade informou que recebeu centenas de inscrições de voluntários interessados em atuar no projeto mostrando a solidariedade da comunidade neste momento de pandemia. O álcool gel produzido já está sendo utilizado na rede de Saúde. Outras diversas iniciativas realizadas pela UFPel estão reunidas no site da instituição.

Universidade Federal do Pampa (Unipampa)

A Universidade Federal do Pampa (Unipampa), entre as ações de combate ao coronavírus, criou um comitê de monitoramento para trabalhar no enfrentamento e participação em comitês estaduais e municipais. Disponibilizou os prédios dos dez campi da instituição (Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana) para serem usados como hospitais de campanha durante a pandemia.

Também tem trabalhado no desenvolvimento de pesquisas, cedência de ventiladores mecânicos, doação de máscaras e luvas, assim como doações de roupa de cama. Vem trabalhando na produção e doação de álcool, de EPIS e sabão líquido. E treinamento de profissionais de Saúde.

Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) criou uma página com informações e ações da universidade. Entre as ações feitas pela universidade, através dos seus campus está a doação de EPIs, máscaras e luvas, aventais cirúrgicos, toucas, óculos de segurança, protetores faciais, dois termômetros infravermelho, entre outros materiais.

O Campus Erechim está produzindo álcool glicerinado antisséptico 80% para doação a entidades do Alto Uruguai gaúcho. Formado por uma equipe multidisciplinar, com professores e pesquisadores de diversas áreas de formação: químicos, engenheiros agrônomos, engenheiros de alimentos, engenheiros ambientais, engenheiros agrícola e zootecnista, a iniciativa também tem o apoio de diversas empresas, que doaram vários materiais.

 

 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Vivian Fernandes e Katia Marko