Coluna

Em meio à pandemia, sobre sapatos, pardais e Copa do Mundo

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Em sua coluna, Mouzar Benedito comenta lembranças que lhe apareceram durante a monotonia da quarentena em casa - Foto: Dipankar Gogoi/Unsplash
falando de quem foi o primeiro a pisar na lua, temos um lunático na presidência

Hoje, trancafiado em casa, eu resolvi falar de três coisas. A primeira tem a ver com isso de ficar preso em casa: faz quase um mês que não calço sapatos, fico só de chinelo. Mas me lembrei de uma história relacionada a sapatos. Se você anda irritado e nervoso, talvez esteja precisando trocar de sapatos. Pelo menos é o que recomendava o Almanach Eu Sei Tudo, de 1922.

De acordo com ele, “a alegria de caráter e a ausência de nervosidade dos chineses, é, segundo um sábio, devida a seu costume de usar sapatos de solas macias. As solas duras que usamos são as causas de nossa irritabilidade e da nervosidade de nosso temperamento”.


A segunda coisa que quero falar também tem a ver com pragas e doenças. Em 1908, por causa da febre amarela que assolava o Rio de Janeiro, trouxeram para o Brasil um passarinho que não existia aqui, o pardal. Achavam que ele era a solução para um grande problema: ele se alimentaria dos mosquitos causador da febre amarela, o famigerado Aedes Egypt.

Mas o que o pardal gosta mesmo é de grãos. Em vez de caçar os malditos mosquitos, comia restos de comida que as donas de casa varriam de dentro de casa para as calçadas. E eles se proliferaram pra valer, se espalharam por todo lado.


Para terminar, vamos esquecer um pouco de pragas e doenças, falar de coisas amenas. Quando um time de futebol ganha um campeonato, seu capitão recebe uma taça e comumente a levanta com as duas mãos, para celebrar a vitória.

Mas esse gesto não existiu desde sempre. O primeiro a fazer isso, foi Bellini, capitão da seleção brasileira que ganhou a Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Segundo Bellini, ele estava “embriagado pela vitória”, e contou: “Olhei aquele monte de gente, milhares de fotógrafos e, num estalo, tive a ideia de erguer a taça com as duas mãos. Queria mostrar aquela vitória para o povo e para o mundo”.

Depois disso, o gesto virou moda. Curiosidade: o último jogo de futebol de Bellini, aos 39 anos de idade, foi pelo Atlético Paranaense, contra o Coritiba. Terminado o jogo, correu para casa, ligou a TV e viu o astronauta Neil Armstrong pisar na lua pela primeira vez.

Bom, queria terminar com otimismo, mas esta última historinha me lembrou que foi-se o tempo em que dava gosto assistir a jogos de futebol no Brasil. E falando de quem foi o primeiro a pisar na lua, temos um lunático na presidência... 

Edição: Lucas Weber