#Coronanasperiferias

Mapeamento mostra ações de combate ao coronavírus nas periferias

Site permite selecionar a iniciativa comunitária mais próxima para doação de itens de higiene, alimentos ou em dinheiro

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Usuário também pode cadastrar novas iniciativas de apoio para periferias no enfrentamento ao coronavírus - Divulgação

Foi lançado nesta segunda-feira (20) o #MapaCoronaNasPeriferias, que tem como objetivo localizar e dar visibilidade a diversas iniciativas de combate ao coronavírus que estão em curso nas favelas, periferias, guetos, quilombos e sertões pelo Brasil.

Criado pelo Favela em Pauta em parceria com o Instituto Marielle Franco e apoio do Twitter Brasil, o site dá ao usuário a possibilidade de selecionar uma iniciativa periférica próxima de sua casa para efetivar algum tipo de apoio, desde o compartilhamento dos conteúdos até envio de produtos como itens de higiene e alimentos e doação em dinheiro. Também é possível cadastrar novas ações no mapa, bastando preencher um formulário.

A diretora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco, destaca ao site Favela em Pauta que o projeto vai além da visibilidade, já que reforça a rede de solidariedade que surgiu diante da pandemia do coronavírus.  “É no intuito de fortalecer a conexão entre essas iniciativas que estão lidando com problemas muito semelhantes e que podem se fortalecer compartilhando aprendizados e ferramentas de ação”, diz.

A iniciativa recebeu apoio nas redes sociais de parlamentares como o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ). “As favelas mais uma vez estão dando uma lição de resistência e solidariedade ao Brasil”, postou, em seu perfil no Twitter.

Impactos do coronavírus nas periferias

Em entrevista à repórter Lígia Guimarães, da BBC Brasil, o médico oncologista Drauzio Varella alertou para os efeitos da pandemia de coronavírus, que ocorreu primeiramente entre pessoas que viajaram ao exterior, mas, “forçosamente” deve atingir “camadas sociais menos favorecidas”.

“Agora é que nós vamos pagar o preço por essa desigualdade social com a qual nós convivemos por décadas e décadas, aceitando como uma coisa praticamente natural. Agora vem a conta a pagar”, afirmou o médico.

O médico infectologista da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Evaldo Stanislau Afonso de Araújo também destacou que a letalidade do coronavírus é maior nas áreas periféricas, que têm menos estrutura de atendimento em saúde. Na cidade de São Paulo, os três distritos que tem mais mortes decorrentes da covid-19 estão na periferia.

“É mais um componente desse momento que nos preocupa, que é essa característica da desigualdade da doença. Ela é democrática, acomete a todos, mas sobretudo as populações das zonas periféricas vão ser mais impactadas do que as pessoas que têm uma condição social melhor”, disse em aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira.