Segundo dados divulgados pela revista Forbes, no Brasil, em 2019, haviam 206 bilionários. Juntos possuem uma fortuna de 1.205.800.000.000,00 (mais de 1 trilhão e duzentos bilhões de reais). Isso significa que 206 pessoas tem o equivalente a 16,5% do PIB brasileiro de 2019.

Se fizermos uma comparação mais seletiva veremos que a desigualdade social no Brasil é pior que o coronavírus pois, ao contrário da Covid-19, que ainda não tem vacina e nem drogas, comprovadamente eficazes, para combatê-la, a desigualdade social pode sim ser enfrentada, o que ajudaria o povo a superar com o mínimo de dignidade os efeitos da pandemia.

Se escalarmos um time com 11 titulares e um reserva da seleção dos bilionários brasileiros, chegamos a uma riqueza superior a R$ 437 bilhões. Esse valor é equivalente, segundo estimativa do Ipardes, ao PIB do estado do Paraná em 2018. O estado do Paraná está entre os cinco maiores PIBs do país, tem um território de quase 200.000 km² e uma população de aproximadamente 11,5 milhões de habitantes, ou sejaé, equivalente em riqueza a uma dúzia de pessoas – literalmente.

Ainda para ilustrar o tamanho do abismo da desigualdade, o orçamento do estado do Paraná revisto para 2020 é de quase R$ 50 bilhões, ou, oito vezes menor (cerca de 12%) que a riqueza concentrada nos 12 maiores bilionários do país. No orçamento do estado estão previstas todas as despesas em educação, saúde, segurança, agricultura e demais secretarias, órgãos, autarquias, incluindo pagamento de salários e previdência dos servidores, além de todo judiciário, legislativo e tribunal de contas.

Seria como se o quinto estado mais rico do país tivesse além dos 12 bilionários, seus familiares, totalizando uma população de não mais do que 500 pessoas (talvez menos), o equivalente a um condomínio residencial. Isso mesmo, um condomínio seria o quinto estado mais rico do país. É inadmissível e insuportável vivermos em meio à tamanha desigualdade e concentração de riqueza.

Uma taxação de 15% sobre as fortunas, só dos bilionários brasileiros, significaria uma receita de mais de R$ 180 bilhões. Se o estado do Paraná recebesse 5% desse montante, teríamos mais de R$ 9 bilhões de reais para salvarmos vidas, empregos, subsidiarmos eletricidade, água, gás, transporte e alimento, garantindo dignidade ao povo em meio à pandemia.

Apenas a título de comparação, a tão alardeada destinação dos fundos eleitoral e partidário para combater a pandemia, totalizaria R$ 3 bilhões. Populismo barato pra não enfrentarmos “os donos do Brasil” e a crônica e estrutural desigualdade social, consequência da brutal concentração de riqueza nas mãos de uns duzentos.

É preciso apoio total à pauta da taxação sobre grandes fortunas, além do comprometimento e posicionamento das autoridades públicas favoravelmente a ela. Do contrário não passarão de demagogos, populistas, coniventes e cúmplices das mortes que ocorreram e ocorrerão, bem como do aumento da miséria do povo.

Edição: Pedro Carrano