O Primeiro de Maio no Paraná foi marcado por um ato virtual, com transmissão online, que reuniu ao longo da manhã desta sexta-feira milhares de espectadores.
A atividade também reforçou a unidade das principais centrais sindicais do estado em defesa dos direitos da classe trabalhadora, que são atacados ininterruptamente nos últimos anos. O momento da pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus, também reforçou a importância da preservação da vida e da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do Paraná. O ato foi transmitido simultaneamente em cerca de 30 páginas de centrais, sindicatos, federações e movimentos sociais.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller, destacou justamente a importância desta unidade. “As centrais sindicais do Paraná estão unidas na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, dialogando com as instituições no sentindo de buscar a melhor forma de sair desta pandemia”, afirmou. Kieller também alertou para as mudanças que a Covid-19 deve trazer . “Ela vai nos transportar para uma outra forma de relação dos trabalho. Nós, das centrais, precisamos nos debruçar do ponto de vista organizativo sobre o que sairá do mundo do trabalho após a pandemia. Não nos iludamos, as ações feitas pela elite são no sentido de disputar a hegemonia sobre o papel do Estado”, enfatizou.
A professora Marlei Fernandes, vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (CNTE) e representante do Fórum das Entidades Sindicais (FES), que reúne os sindicatos do serviço público estadual, retomou a história da entidade e reforçou a importância do isolamento social.
“Estamos, de fato, em momento único da nossa história, que nenhum de nós vivemos. Gostaríamos de estar nas ruas, mas é necessário o isolamento e cuidar das vidas. O FES publicou um manifesto em defesa da vida, do SUS e dos serviços públicos no qual reforça que a vida deve estar acima do lucro. Este é o debate que nós estamos travando nesse momento para combater a sede cada vez maior do capitalismo e daqueles que detém o poder. Vamos empurrar o governo a proteger a população. A nossa vida, de todo o povo brasileiro, precisa estar acima de qualquer lucro. Não é o que temos percebido, mas é uma luta necessária reafirmar estes valores, de um Estado forte, no sentido de proteção social e da renda dos que mais necessitam ”, destacou.
O representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, por sua vez, apontou para a importância das bandeiras levantadas pela centrais neste Primeiro de Maio. “A defesa da vida, tendo em vista a pandemia, preservar a vida de toda a sociedade, é muito importante a conscientização da sociedade. A vida em primeiro lugar, em defesa dos empregos, dos direitos da trabalhadoras e dos trabalhadores e da democracia”, afirmou ao dizer que os temas são imprescindíveis para o atual cenário brasileiro.
O Primeiro de Maio das Centrais Sindicais do Paraná também teve a participação de representantes do setor jurídico. A procuradora do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR), Margaret Matos de Carvalho, destacou a importância da data. “No Brasil a primeira vez que aconteceu uma grande manifestação proletária foi em 1892, em Porto Alegre. Esta manifestação foi reprimida violentamente com saldo de quatro operários mortos. A constatação é que todas vezes que trabalhadores e trabalhadoras se unem são reprimidos pelas forças policiais que estão aí para manter o sistema e a situação tal como está. Não mudou muito de 1892 para hoje”, afirmou ao lembrar do massacre contra servidores públicos ocorridos em 29 de abril de 2015.
O procurador Alberto Emiliano também participou do ato virtual representando o Fórum de Liberdade Sindical, que reúne diversas entidades. Ele fez uma crítica aos grandes veículos de comunicação que não deram o devido destaque à data. “Certamente estamos em momento de pandemia, com risco sanitário muito grande, mas ainda assim lamento a não inclusão como pauta, como tema de grande importância que é o Primeiro de Maio”, pontuou.
Shows
A atividade também contou com a participação dos músicos Guego Favetti e Fábio Elias, da Banda Relespública. Favetti, renomado artista paranaense, cantou clássicos da música latina, da Música Popular Brasileira (MPB), além de Bella Ciao, canção italiana que simboliza a luta antifascista em todo o mundo. Fábio Elias dedicou sua participação com clássicos da música brasileira também, desde mutantes, passando por Raul Seixas, além de canções próprias.
Serviços
Durante o ato do Primeiro de Maio as centrais centrais também divulgaram atividades de serviços. São organizações das entidades sindicais que buscam minimizar o impacto da pandemia para comunidades carentes. Arrecadação e distribuição de alimentos, equipamentos de proteção individual e material de limpeza e higiene são os principais focos.
A secretária-geral da CUT Paraná, Vera Lúcia Pedroso Nogueira, destacou que além de produzir as riquezas do país, a classe trabalhadora também está fazendo uma onda de solidariedade. “Cumpre seu papel humanitário neste momento tão difícil em que trabalhadoras e trabalhadores que agora veem seus postos de trabalhos perdidos, o que já acontecia mesmo antes da pandemia, mas que agora é ampliado, assim como a redução salarial. Destacamos estas ações solidárias e registramos estas ações porque a elite só registra as suas e o que é do seu interesse. Precisamos deixar para a história as nossas ações”, destacou.
Vera listou algumas ações desenvolvidas por sindicatos e federações. Confira:
O Sindipetro, sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, por exemplo, realiza uma ação de solidariedade para distribuição de alimentos. A Fetraf e seus sindicatos rurais, da mesma forma, além da doação de eletrodomésticos. A Fetec-CUT-PR além de contribuir para aquisição de materiais de limpeza e EPI, doou para bancários equipamentos de proteção até que os bancos cumpram com sua obrigação.
Já a APP-Sindicato, que representa professores, professoras, funcionários e funcionárias das escolas adquiriu 35 mil máscaras de proteção que foram distribuídas para cada Núcleo Sindical e estes destinarão na sua região. Em Maringá, foram destinadas mil máscaras ao Hospital Municipal. A entidade também arrecada alimentos para os necessitados de cada região dos seus núcleos, além de disponibilizar estrutura física com 90 leitos para servir de alojamento aos trabalhadores de saúde que não irão para suas casas. Espaços físicos também foram disponibilizados em Londrina, Maringá e em Itapoá, em Santa Catarina.
O Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná também está engajado na luta contra o novo coronavírus. A entidade doou 1.500 máscaras faciais.
Em Foz do Iguaçu, o Sindicato dos Eletricitários do município comprou e distribuiu 90 cestas básicas para alunos da UNILA e realizou a compra, em uma ação conjunta com o Diretório Estudantil e a Atlética da universidade, de 1,2 toneladas de alimentos. Há uma vaquinha virtual que já arrecadou quase R$ 25 mil.
O Sindicato dos Servidores Públicos de Toledo, o SerToledo, criou o comitê de “Resistência e Solidariedade” com diversas entidades de Toledo, Cascavel e Marechal Candido Rondon. Fizeram levantamento de famílias passando necessidade pela redução de salário e pelo desemprego, também de estudantes carentes da Unioeste . Em Campo Mourão, o Sindicato dos Bancários realizou em parceria com a Unespar, uma campanha de doação de cestas básicas para as famílias da cidade.
Os bancários iniciaram a campanha “Resistindo com Solidariedade” que somente na primeira semana arrecadou R$ 12 mil. Em duas semanas mais de 2 mil quilos de alimentos foram captados para distribuição. Saiba como doar:
– Casa da Resistência (Rua Paula Gomes, 529 – bairro São Francisco),
nas tardes de segunda, quarta e sexta.
– Espaço Cultural dos Bancários (Rua Piquiri, 380, Bairro Rebouças) de
Segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.
Ao lado da CUT Paraná, também participaram do ato online representantes da CSB, CSP/Conlutas, CTB, Força Sindical, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Intersindical Instrumento de Luta, Nova Central e Pública. Representantes do MST e do Comitê Unificado de Lutas e representantes do Ministério Público do Trabalho e do Fórum de Liberdade Sindical também estiveram presentes.