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"Nos desdobramos para não deixar os pacientes desassistidos”, diz médico intensivista

O impacto desse vírus acaba sobrecarregando ainda mais quem está na linha de frente

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Na entrevista, Silva falou sobre o impacto das longas jornadas na saúde mental dos profissionais de saúde e explicou como o SUS está lidando com a onda de pessoas infectadas.  - Flickr/ Rede de Médicos e Médicas Populares
O impacto desse vírus acaba sobrecarregando ainda mais quem está na linha de frente

Os profissionais de saúde que estão rotineiramente no enfrentamento à pandemia de coronavírus convivem com a falta de equipamentos de proteção individual, jornadas exaustivas, o risco de contrair a doença ou mesmo adoecer por conta da pressão que têm carregado nesse período. 

Um levantamento recente aponta que, ao menos 7 mil profissionais de saúde foram afastados do trabalho por apresentarem sintomas da covid-19. Para o médico e mestre em Saúde Pública, Thiago Henrique Silva, “o impacto desse vírus acaba sobrecarregando ainda mais quem está na linha de frente”, diz.

“Tenho colegas de trabalho que estão afastados porque estão doentes. É muito assustador porque a gente ainda vê muita falta de equipamentos de proteção individual. Isso traz uma carga enorme para a gente. Temos que nos desdobrar e cobrir escalas para não deixar os pacientes desassistidos”, aponta o médico, que cumpre plantões em hospitais públicos e privados de São Paulo. 

Thiago Henrique Silva é o entrevistado dessa semana no BDF Entrevista, programa que vai ao ar às 20 horas, toda sexta-feira, na Rede TVT e no Yotube do Brasil de Fato. Na conversa, o médico também falou sobre o impacto das longas jornadas na saúde mental dos profissionais de saúde e explicou como o SUS (Sistema Único de Saúde) está lidando com a onda de pessoas infectadas. 

Silva também se disse emocionado com as homenagens a médicos e enfermeiros, que são feitas em todo o mundo, pelas pessoas que estão em quarentena, mas alertou que os aplausos não devem estar restritos a esse momento de crise. Nem tão pouco, devem acontecer para sempre. A valorização deve acontecer no cotidiano dos trabalhadores da saúde.

“O reconhecimento que os médicos vêm recebendo no mundo é muito importante. Mas a gente precisa que o profissional de saúde seja valorizado no seu trabalho, no cotidiano, principalmente os profissionais que estão no SUS. Eles, muitas vezes, convivem com o medo do desemprego, a insalubridade, a falta de equipamentos de proteção individual, as jornadas de trabalho absolutamente desestimulantes”, diz. 

Sobre o SUS, Silva destaca que, mesmo com todos os problemas, “ele é um gigante, é um patrimônio do povo brasileiro, com todas as suas potencialidades. E são essas possibilidades que estão evitando que a gente hoje tenha um colapso completo no país”. 

“Essa pandemia colocou o SUS de novo no debate público, no lugar que ele sempre deveria estar. A grande questão para a gente vai ser o pós pandemia. Porque o SUS não pode mais voltar para a caixinha que o aprisionaram, da PEC 95, a caixinha do Teto dos Gastos, a caixinha do desfinanciamento, do abrir mão de grana do SUS para financiar plano de saúde”, completa. 

Confira alguns trechos da entrevista:

 

Edição: Marina Selerges