Investigação

TCU recebe representação para apurar gastos publicitários do governo Bolsonaro

Executivo teria utilizado recursos públicos para propagandear Reforma da Previdência em sites ilegais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Dentre os 20 canais do Youtube que mais veicularam propaganda da Reforma da Previdência, 14 deles são de conteúdo infantojuvenil - Zak Bennett/AFP

As despesas publicitárias do governo de Jair Bolsonaro com a divulgação da Reforma da Previdência, em 2019, são alvo de uma representação do subprocurador-geral, Lucas Furtado, no Tribunal de Contas da União (TCU).

Furtado solicita que o tribunal investigue se houve uso de recursos públicos em sites e canais de atividades ilegais. 

O subprocurador baseou a representação em uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, do último sábado (9), que revelou anúncios veiculados em sites de jogo do bicho, de propagação de notícias falsas e de promoção do presidente, de acordo com uma planilha da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência (Secom).

Na representação, Furtado afirma que, se comprovada a denúncia, trata-se de “afronta aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade”.

Para ele, "causa espécie que o escasso dinheiro público, que, por diversas vezes, falta em áreas prioritárias, tenha se destinado a financiar campanhas publicitárias em sites e canais que não guardam relação com a matéria divulgada”, afirma Furtado, na representação. 

De acordo com as planilhas da Secom, dentre os 20 canais do Youtube que mais veicularam propaganda da Reforma da Previdência, 14 deles são de conteúdo infantojuvenil, como o da Turma da Mônica

O canal que mais veiculou anúncio é o Get Movies, cujo conteúdo é totalmente em russo. Outro site que teve quantidade de propagação expressiva foi o Resultado Jogos do Bicho, com resultados do jogo que é ilegal no Brasil.

O site Sempre Questione, conhecido por espalhar notícias falsas, teve cerca de 66 mil anúncios. 

A plataforma de YouTube Terça Livre TV, do blogueiro Allan dos Santos, apoiador de Bolsonaro, também consta na planilha. “Sou dono do maior portal conservador da América Latina e não recebo nenhum centavo do governo", afirmou Santos, em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro de 2019.
 

Edição: Leandro Melito