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Comissão econômica propõe renda básica por seis meses para América Latina e Caribe

Em documento, Cepal ressalta importância de medidas para aliviar os impactos sociais da pandemia

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De acordo com estudo da Cepal, região deve passar de de 186 milhões de pessoas para quase 215 milhões de pessoas na pobreza - Pedro Pardo/AFP

A pandemia do novo coronavírus empurrará milhões de pessoas para a pobreza. Na América Latina e no Caribe, estimativas mostram que a pobreza pode chegar a atingir 215 milhões em 2020, um aumento de quase 30 milhões de pessoas em relação a 2019. Como alternativas para o enfrentamento da doença, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) propõe a criação de uma renda básica de emergência para as populações mais vulneráveis, além de outras medidas para aliviar os impactos sociais.

Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, divulgou nesta terça-feira o terceiro informe da instituição sobre as consequências da pandemia da Covid-19 na região. O documento, intitulado "O desafio social em tempos de coronavírus", traz dados e análises sobre a fragilidade da América Latina e do Caribe diante da doença.

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Segundo as estimativas do órgão, a região passaria de 30,3% de pessoas em situação de pobreza em 2019 para 34,7% em 2020, caso não sejam tomadas medidas econômicas de redução dos danos. Ou seja, passaremos de 186 milhões de pessoas para quase 215 milhões de pessoas na pobreza.

Para Bárcena, a proposta mais importante da Comissão para o atual momento é a criação de uma renda básica emergencial durante seis meses, para 215 milhões de pessoas em situação de pobreza. A ajuda consistiria em US$ 143, (em valores de 2010), alcançando 34,7% da população da região.

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Segundo o documento, o investimento necessário para garantir o ingresso básico custaria aos governos um aporte de 3,4% do PIB. Atualmente, os governos têm injetado o equivalente a 0,7% do PIB em ajudas e apoio às populações mais vulneráveis.

O informe afirma que, com a Covid-19, vai haver aumento não só da pobreza e extrema pobreza, mas também da desigualdade na região da América Latina e Caribe. Bárcena cita Argentina, Brasil, Equador, México e Nicarágua como países que terão sua pobreza muito aumentada. No entanto, as medidas tomadas pelo Brasil, como o pagamento do auxílio emergencial a trabalhadores informais, foram citadas como uma importante ação na proteção social.


 

* Com reportagem de Marieta Cazarré