Paraíba

FLAGELO DAS CHUVAS

Comunidades sofrem com as chuvas, alagamentos e até água de fossa dentro das casas

Crianças, idosos, mulheres e homens têm barracos invadidos pela água da chuva e das fossas que estouraram. Veja os vídeo

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Foto

 

Todos os anos os problemas se repetem. O inverno chegando, época das chuvas e, mais uma vez, diversas comunidades da região metropolitana de João Pessoa encontram-se debaixo d'água. 

A chuva, que começou na madrugada da sexta para o sábado (23), deixou 94 famílias da comunidade Nova Jerusalém inteiramente dentro d’água. Perderam colchões, móveis, roupas, guarda-roupas, geladeiras, fogões e não têm para onde ir. 

Veja os vídeos:
 

 

 


Thaís Siqueira, moradora e representante do Assentamento Nova Jerusalém, relata a situação da Comunidade: “Temos barracos aqui que suportam até dez famílias, bastante crianças e os barracos sendo alagados, sendo cobertos pela água, a chuva cobrindo os móveis.”

Gleyson Melo, Coordenador do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos, afirma que o movimento, juntamente com representantes das comunidades, estão pleiteando um lugar para que  as famílias possam se abrigar: “Pode ser uma escola ou ginásio, cuidando dos rigores necessários em relação à quarentena, de isolamento e distanciamento. A situação já é ruim por ter que ficar dentro d’água, sem saneamento e esgoto, mas isso contribui enormemente para o contágio do vírus”, destaca ele.


Moradora do Nova Jerusalém em meio ao alagamento / Foto

Segundo Gleyson, as famílias estão aguardando há mais de três anos a concretização da habitação popular. Elas já são cadastradas, mas ainda não houve providência definitiva com relação à situação delas.

A comunidade Terra Prometida (também no Colinas), possui 88 famílias, e sofre com um problema ainda maior. As fossas estouraram deixando todos expostos aos dejetos fecais, causando riscos a uma comunidade cheia de crianças, casas com riscos de desabamento, além de várias barracas de lona. 

“As comunidades Nova Jerusalém e Terra Prometida são lugares provisórios, as pessoas estão lá por necessidade, não decidiram morar lá a vida toda, não querem tomar o espaço público, de praça, de lazer das pessoas. Estão lá porque precisam”, reforça Gleyson.


Comunidade Nova Jerusalém/ Foto

Zefinha, também do MTD, conta que as famílias passaram a noite toda tirando água de dentro das casas na comunidade Nova Jerusalém: “Muita chuva, a água invadiu os barracos e as fossas estouraram, então era água de fossa com água de chuva dentro dos barracos. Muitas pessoas perderam móveis, um desespero muito grande." 

As famílias chorando hoje de manhã pedindo solução - estão vivendo uma situação desumana.

Este volume de chuvas, nesta época do ano, já é esperado. O problema é que o povo não tem acesso às políticas habitacionais do Governo Federal, e é impossível os governos municipais e estaduais garantirem essa demanda. “A gente pede para que esses acampamentos possam ter prioridade em relação às políticas habitacionais porque estas famílias estão numa situação crítica, estão dentro d’água, e diante de uma pandemia”, enfatiza Gleyson.

Outras comunidades, especialmente as ribeirinhas como São Rafael e Bairro São José também sofrem com as chuvas, porém, no momento de pandemia, o risco de contágio é ainda maior porque as pessoas não têm alternativas de isolamento. A Prefeitura disponibilizou um site onde pode ser verificado o nível de isolamento de cada localidade: o índice de aglomeração nestes espaços é bastante alto. 

Uma campanha está sendo realizada para as famílias que precisam de ajuda emergencial como colchões, comida, cobertores, lençóis, cesta básica  e material de cozinha. O endereço para doações é: Rua João Pedro Teixeira, 86, no bairro Colinas do Sul. Contato (83) 9 8825-5680 - Gleyson Melo

O Secretário de Transparência da Prefeitura de João Pessoa, Bira Pereira, garantiu que a Prefeitura fosse nas comunidades, e também está mediando a transferência das pessoas para o Cras e para as escolas. A Defesa Civil também foi acionada. O governo do estado disponibilizou um limpa-fossas e algumas cestas básicas. José Godoy, Procurador Federal, está mediando a assistência às famílias, e também articulando algumas doações.

Edição: Heloisa de Sousa