ABUSO

Bolsonaro manda indireta a Celso de Mello no Facebook ao citar abuso de autoridade

Após publicar trecho da lei nas redes sociais, o presidente voltou a causar aglomeração de manifestantes em Brasília

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Desrespeitando a legislação do Distrito Federal, presidente retirou a máscara em meio aos manifestantes - EVARISTO SA / AFP

O presidente Jair Bolsonaro publicou, neste domingo (24), uma foto no Facebook com um trecho da lei brasileira de abuso de autoridade, sancionada por ele em setembro do ano passado após tramitação no Congresso.

A postagem foi feita dois dias após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ter autorizado a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, quando o presidente admitiu verbalmente que tentou interferir na Polícia Federal para proteger sua família. Na publicação, Bolsonaro destacou um artigo específico da lei 13.869 de 2019. 

:: Ouça e leia na íntegra a reunião ministerial de Bolsonaro liberada pelo STF :: 

"Art. 28 Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investiga ou acusado: pena - detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos".

Após a postagem, realizada pela manhã, Bolsonaro foi até a Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde ocorria uma manifestação de apoio ao seu governo e contra o Poder Judiciário e o Congresso Nacional, de acordo com as mensagens nas faixas alçadas pelos manifestantes. 

:: Em reunião, Bolsonaro confessa interferência na PF e intenção de "proteger a família" :: 

Diferentemente das outras vezes em que compareceu ao ato, ele não desceu a rampa do Palácio, mas voltou a causar aglomeração. Embora tenha chegado ao local de máscara, o presidente foi visto sem a mesma em vários momentos durante a caminhada e até mesmo ao se aproximar das pessoas. 

Guerra Civil 

Dezenas de militares da reserva divulgaram uma nota de apoio ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. A manifestação ocorreu após o general dizer que haveria "consequências imprevisíveis" se o presidente Jair Bolsonaro fosse obrigado a entregar seu telefone celular para ser periciado na investigação sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal. 

:: General Heleno faz ameaças em resposta ao pedido de apreensão do celular de Bolsonaro :: 

Na carta, assinada, os militares dizem que falta "decência" e "patriotismo" a alguns ministros da Suprema Corte. Eles também desdenham da formação jurídica de parte do STF.  Além disso, o grupo militar alertou para a possibilidade de um cenário extremo no país. “ Assim, trazem ao país insegurança e instabilidade, com grave risco de crise institucional com desfecho imprevisível, quiçá, na pior hipótese, guerra civil”, diz um trecho do texto. 

 

Edição: Douglas Matos