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Parto em domicílio pode ser alternativa durante pandemia, mas exige alguns cuidados

Procura por esse tipo de parto aumentou nos últimos anos, independente da pandemia

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Gestantes devem ser acompanhadas por profissionais de saúde em casa e não apresentar nenhum risco - Anya Colman/FEAES

O Brasil registrou, em 2018, 18.706 partos em domicílios; enquanto em hospitais, foram 2.900.269 naquele ano.

Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde. Os números de 2019 ainda estão em consolidação. Em meio a tentativa de conter a pandemia mundial do coronavírus, muitas pessoas estão isoladas. 

Mas e quem está na reta final da gravidez? Como se manter tranquila com a possibilidade de dividir o mesmo hospital com pessoas suspeitas ou infectadas? Mesmo com esse risco, existem futuras mamães que preferem ter o bebê em hospitais ou maternidades, mesmo sendo acompanhadas por enfermeira obstetra. É o caso de Laís barros Mendes, que entra no nono mês de gravidez do primeiro filho.

"A minha opção pelo parto na maternidade, no ambiente hospitalar, ela já veio antes mesmo da decretação do estado de pandemia, lógico que com a situação atual, a gente tem um pouco mais de receio. Mas tenho visto que os hospitais e maternidades tem tido cuidado com o isolamento dessa área da gestante e dos recém - nascidos, não tem grande circulação de pessoas com outras doenças para evitar qualquer tipo de contágio."

Já a gestante, de sete meses, do terceiro filho, Gabriela Rodrigues Falcão, depois de carregar alguns traumas dos primeiros partos em hospital, prefere dar a luz no ambiente e conforto de casa.

"No primeiro parto eu sofri bastante, sofri muita violência obstétrica. O segundo parto eu fui induzida a ter uma cesárea antes da hora, então o meu bebê é asmático. Com essa história de covid-19, eu estava vendo que os médicos onde eu estava sendo atendida em hospital particular, nem me dava segurança, eu optei por ter em casa, com alguém de confiança que eu sabia que não ia me maltratar."

Independentemente de optarem por ter filhos em ambientes diferentes, as duas gestantes são acompanhadas pela enfermeira obstetra da equipe Luz de Candeeiro, Priscila Ariel Barroso de Medeiros. Ela explica a emoção em acompanhar essas mães na hora de dar a luz.

"Nós estamos ali como sentinelas, para intervir se for necessário. É extremamente gratificante poder ver as vidas chegando ao mundo de forma respeitosa, de forma amorosa, porque todas as mulheres merecem ser cuidadas durante o seu trabalho de parto e os benefícios para elas são enormes com mais amor de serem recebidas no calor de suas famílias e não com frieza e violência."

O obstetra Frederico Coelho, que também é defensor do parto em domicílio, explica quais as situações de emergência em que as pacientes devem ser levadas ao hospital.

"A principal seria a alteração da evolução do trabalho de parto, ou seja, aquele trabalho de parto que não evolui. Então, nessa situação, que não dilata, essa é uma causa eletiva que pode ser encaminhado para o hospital. Outras questões são ruptura da bolsa ou necessidade de analgesia, no caso ela feita no hospital. Sangramento excessivo, hemorragia durante o parto que pode ser caracterizado pelo descolamento da placenta mais cedo, é necessário a transferência dessa gestante."

A enfermeira obstetra Priscila Barroso alerta que é preciso estar ciente de que existem riscos e, por isso, conversa com o casal bem antes de começar o acompanhamento pré-natal.