Paraná

Luta por moradia

Ocupação em Campo Magro alerta para crise de moradia no Paraná

Movimento Popular por Moradia ocupa imóvel da prefeitura de Curitiba administrado pelo Governo do Estado

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Imóvel ocupada não tinha função social desde 2009 - Giorgia Prates

Cerca de 100 pessoas do Movimento Popular por Moradia (MPM) ocuparam um imóvel em Campo Magro, nesta segunda (25). Sem função social desde 2009, o imóvel pertence à prefeitura de Curitiba, mas foi cedido ao Governo do Estado do Paraná, há cerca de dois anos, pelo prazo de 30 anos. Atualmente, a administração do imóvel é da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do governo do Paraná.

A intenção do MPM com a ocupação é chamar a atenção do governo para a crise de moradia que se agravou com a chegada da pandemia de coronavírus. Na ocupação existem pessoas que perderam seu local de moradia recentemente, por ter ficado desempregada com a pandemia ou por não ter renda suficiente para bancar o aluguel de uma casa.

“O que nós queremos é um teto, mais nada. nós não queremos briga com a polícia. A gente só quer um teto, assim como todo mundo. É o nosso direito. Nós estamos brigando pelo nosso direito, mais nada”, diz uma senhora que participa da ocupação e preferiu não ser identificada.


Ocupação chama a atenção para a crise de moradia que se agravou com a chegada da pandemia de coronavírus / Giorgia Prates

Na terça (26), um batalhão da Polícia Militar de Colombo esteve na ocupação. Não houve nenhum tipo de confronto ou violência. Ocupantes relatam que a PM voltou nesta quarta (27), dificultando a entrada de pessoas na ocupação.

A assessoria de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) acompanha o caso e está fazendo a interlocução entre ocupantes, Governo do Estado e as prefeituras de Curitiba e Campo Magro.

Por envolver três instâncias de poder, a avaliação da assessoria é de que a situação se torna mais complexa e aponta para uma necessidade de que o governo do estado proponha um plano para enfrentar a crise de moradia, especialmente agora, diante da pandemia.


Ocupação deve ser mantida até poder público dar atenção às demandas / Giorgia Prates

O Governo do Estado ainda não deu nenhum tipo de posicionamento sobre a situação. A prefeitura de Campo Magro também não apresentou nenhuma proposta. A prefeitura de Curitiba demonstrou preocupação com a situação, por ser proprietária do imóvel, e deve ir até o local para saber quantas pessoas da ocupação já têm cadastro na Companhia de Habitação Popular (Cohab) e quais são as especificidades de cada ocupante.

A assessoria de Direitos Humanos da Alep trabalha para marcar reunião com todos os envolvidos. A indicação é que a ocupação será mantida até, pelo menos, a reunião ser marcada, os ocupantes serem ouvidos pelo poder público e serem apresentadas propostas concretas para realocação dessas pessoas que, atualmente, não têm onde morar.

 

Edição: Frédi Vasconcelos