Coluna

Coronavírus: genocídio de Bolsonaro tem raça, gênero e localização nas cidades

Imagem de perfil do Colunistaesd

Ouça o áudio:

Nas comunidades periféricas não existem condições seguras de higiene e nem de evitar a aglomeração de pessoas - Fernando Frazão/Agência Brasil
Essa é uma marca profunda no Brasil, mas que também é observada em outros países das Américas

A covid-19, alem de ser a maior tragédia humana vivida pelo Brasil ao longo de sua história, com o maior número de mortes entre qualquer epidemia, crise ou acidente que nós já vimos, é também uma crise de aprofundamento da desigualdade no nosso país.

Essa é uma marca profunda no Brasil, mas que também está sendo observada em outros países das Américas. Não só na América Latina, mas também nos próprios Estados Unidos.

É o fato de uma pessoa negra, no Brasil, ter um risco infinitamente maior de ter ido a óbito pela covid-19 do que uma pessoa branca. É o fato de, nas grandes cidades, o maior número de mortes estarem concentrados nas periferias e nas áreas mais vulneráveis.

:: Pandemia avança sobre periferias e redes se organizam para combater o vírus e a fome ::

É o fato de que há um crescimento muito importante de casos e óbitos nas populações indígenas da região amazônica e certamente aumentará o crescimento da doença nas populações indígenas da região central, sul, nordeste e sudeste do país, na medida em que se interioriza a pandemia de covid-19.

É o fato de que as mulheres sofrem mais com a covid-19. Seja porque elas são a maioria dentre os trabalhadores da área da saúde - e nós já temos mais mortes de profissionais de enfermagem no Brasil do que na Espanha e na Itália juntos - ou porque sofrem com o aumento dos indicadores de violência doméstica no momento onde o distanciamento físico, que é necessário, ainda não tem, por parte dos governos municipais, estaduais e federal, políticas públicas para adaptá-lo à realidade das áreas mais vulneráveis e das grandes favelas no nosso país.

Por isso conseguimos aprovar nesta semana na Comissão de Enfrentamento do Coronavírus, um Projeto de Lei que obriga a dar visibilidade para esta desigualdade. O PL 2726/2020 obriga que o sistema de saúde, seja o SUS ou os hospitais privados, divulguem, dentre os dados da covid-19, as características de raça e de etnia.

No debate sobre o Projeto de Lei, a ideia é ajustar para incluir também as características de nacionalidade, para que possamos registrar a situação de vulnerabilidade em que se encontram diversos dos imigrantes que vivem no Brasil.

São estes vários aspectos da pandemia da covid-19, que enfrenta no Brasil um projeto genocida de Bolsonaro. E o genocídio de Bolsonaro tem raça, tem etnia, tem gênero, tem localização nas cidades e quem sofre são os mais vulneráveis.

Edição: Leandro Melito