Carta do Rio

No Rio, movimento suprapartidário lança programa para superar efeitos da pandemia

O documento denuncia a situação de vulnerabilidade social enfrentada pelos moradores de favelas e periferias

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A carta aponta a falta de saneamento básico, o desemprego e a ausência de políticas públicas efetivas como fatores que dificultam o combate da pandemia em favelas - Carl de Souza / AFP

Na semana passada ocorreu o pré-lançamento da chamada “Carta da cidade do Rio de Janeiro em defesa da vida”. O documento suprapartidário assinado por parlamentares, artistas e representantes da sociedade civil denuncia as consequências da crise sanitária causada pela covid-19 no município do Rio e aponta a necessidade de construir um programa democrático-popular com eixo na defesa da vida e da proteção socioeconômica.

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A carta é uma iniciativa do Observatório Carioca da Pandemia, resultado da articulação do mandato do vereador Reimont (PT) com pesquisadores, movimentos populares, sindicatos e ativistas. O observatório tem o objetivo de criar ações que priorizem reconstruir a cidade pós-pandemia. A ideia é que o projeto permaneça, mesmo depois da covid-19, como um repositório de estudo para enfrentar crises sanitárias e sociais na capital fluminense. 

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Segundo Reimont, o documento segue orientações sanitárias da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para estabelecer como princípio o isolamento e a proteção social como medidas fundamentais para preservar as vidas durante a crise sanitária. O vereador ressalta que a carta será difundida para órgãos internacionais com o intuito de pressionar a Prefeitura do Rio.

“Vamos fazê-la chegar à autoridades internacionais e governos. Estamos em contato com uma liderança que consideramos muito no mundo hoje que é o Papa Francisco. A carta também já segue para protocolo na Cúria Romana, no Vaticano. Compreendemos que inicialmente é um alerta para a prefeitura por conta da letargia para algumas ações que consideramos que devem ter mais celeridade”, explica o parlamentar. 

Denúncia

O documento denuncia, principalmente, a situação de vulnerabilidade social enfrentada pelos moradores de favelas e da periferia carioca. “Hoje, o município concentra mais de 700 favelas com uma população de quase 1,5 milhão de pessoas, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O vírus avança nestas localidades como resultado da interação entre a falta de saneamento básico, o desemprego e a ausência de políticas públicas efetivas”, destaca o manifesto.

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O lançamento oficial da carta será na quinta-feira (18) e a ideia é que na próxima segunda-feira (22) o documento chegue às autoridades internacionais.

O Observatório fará um seminário nos próximos dias para debater o programa democrático-popular apontado como saída para a crise. De acordo com o documento, “o programa deve ser fruto de uma ampla articulação suprapartidária dos movimentos sociais, sindicais, da academia e de lideranças populares com base em um novo pacto social, que preserve a vida e considere a retomada do meio produtivo como motor para mitigar os graves problemas sociais”. 

Até o momento, a carta conta três mil assinaturas. Nomes como a escritora Conceição Evaristo, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), a atriz Zezé Polessa, o cantor Otto e a filosofa Marcia Tiburi participam do manifesto. Para os interessados em conhecer mais a proposta basta acessar o link do Observatório Carioca da Pandemia.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse e Raquel Júnia