ASSISTÊNCIA

Justiça obriga Funai a fornecer cestas básicas e itens de higiene a indígenas no Pará

Determinação tem objetivo de proteger comunidades de exposição desnecessária à covid-19

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Insumos deverão ser fornecidos em quantidade suficiente para suprir as necessidades dessas comunidades enquanto durar a pandemia - Ag. Pará

A Justiça determinou que o governo federal e a Funai, Fundação Nacional do Índio, passem a fornecer cestas básicas e materiais de higiene a indígenas no Pará. Os insumos deverão ser fornecidos em quantidade suficiente para suprir as necessidades dessas comunidades enquanto durar a pandemia causada pela Covid-19.

O procurador da República Adriano Augusto Lanna de Oliveira detalhou que a ação foi protocolada para evitar que indígenas fossem contaminados com o novo coronavírus ao deixar as aldeias em busca de sustento.

"Essa ação foi ajuizada após ter sido constatado que a quantidade de cestas básicas disponibilizadas para tais populações indígenas era insuficiente para a subsistência das comunidades. Isso incentivava os indígenas a deixarem suas aldeias e se dirigirem às cidades para receber seus benefícios assistenciais ou até mesmo os salários os quais eles tinham direito, o que fez com que diversos deles fossem contaminados com o coronavírus". 

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Serão mais de 8 mil cestas básicas e kits de higiene entregues mensalmente aos povos indígenas que estão sob a jurisdição da Coordenação Baixo Tocantins e da Coordenação Sul Kayapó da Funai. A primeira entrega deverá acontecer em, no máximo, 10 dias, e o descumprimento da decisão acarretará em multa de diária no valor de R$ 10 mil.

Uma outra ação, que ainda aguarda decisão da Justiça, busca estender essa proteção a comunidades das regiões do baixo Tapajós, baixo Amazonas e Trombetas.

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As comunidades indígenas aguardam cestas básicas e kits de higiene desde abril. Em alguns povos que já estavam contaminados, foram necessárias medidas de emergência para adquirir esses produtos.

Também em abril, o Ministério Público Federal emitiu uma recomendação à Sesai - Secretaria Especial de Saúde Indígena - e à Funai para que adotassem medidas em todo o país para evitar deslocamentos e prevenir os contágios.

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A Funai chegou a reconhecer a importância dessa medida, mas se recusou oficialmente, por meio de documentos enviados ao MPF, a adquirir alimentos para as comunidades, alegando não ter obrigação de garantir a segurança alimentar dos povos indígenas.

Depois da recusa oficial, a Funai voltou atrás e se comprometeu, juntamente com a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, a apoiar a distribuição.