Subnotificação

Prefeitura de São Paulo estima em mais de 1 milhão número de casos de covid na cidade

Investigação ocorreu entre os dias 10 e 21 de junho e deve ter continuidade nos próximos dois meses

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Na análise do secretário municipal, a observação dos casos apenas pela distribuição territorial levanta uma interpretação distorcida da realidade da doença - Miguel Schincariol/AFP

A cidade de São Paulo tem 1,16 milhão de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mais do que França e Espanha juntas, de acordo com um inquérito sorológico realizado pela Prefeitura do município. O novo dado representa 9,5% da população paulistana e cerca de cinco vezes mais do que o registrado pelo Ministério da Saúde até a manhã desta terça-feira (23), aproximadamente 222 mil casos confirmados.

Como as pessoas só se submetem aos testes de covid-19 ao apresentarem os sintomas e, da mesma forma, parte dos infectados são assintomáticos, o estudo partiu, entre os dias 10 e 21 de junho, para a realização em massa de cidadãos sorteados com a finalidade de conhecer a situação sorológica do município a fim de estimar a real letalidade e, assim, elaborar estratégias efetivas.

O estudo tem cinco fases. Esta foi apenas a primeira, denominada de “fase zero”, realizada com 5.416 exames, em torno de 472 Unidades Básicas de Saúde (UBS), com indivíduos acima dos 18 anos. Nesse sentido, a Prefeitura dará continuidade ao monitoramento, que deve ser realizado quinzenalmente, com públicos diversos.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, em coletiva de imprensa da divulgação do inquérito, a partir do documento é possível compreender a verdadeira letalidade da doença.

"O inquérito sorológico nos apresenta o real cenário de letalidade na cidade. A taxa de prevalência que aponta 1,16 milhão de pessoas já infectadas mostra que a taxa de letalidade é de 0,5%, ou seja, 5 pessoas a cada mil infectados, o que também é um dado de enorme importância para a montagem a estrutura de saúde para os próximos passos do enfrentamento da pandemia aqui na cidade de São Paulo", defendeu o secretário municipal.

O estudo também mostra que a zona leste é a região com a maior prevalência de casos, representando 12,5% do total. Em seguida, vem o território centro-oeste do município (10,7%), norte (8,4%), sudeste (8,2%) e sul (7,5%). Na relação entre os bairros, aquele com mais casos leves foi o Grajaú, com 93,6%, mas também foi essa região com a menor taxa de casos que se agravaram, apenas 6,4%. 

Na análise do secretário municipal, a observação dos casos apenas pela distribuição territorial, sem incluir a análise comparativa e proporcional, levanta uma interpretação distorcida da realidade da doença

“Nós tínhamos três municípios que o tempo todo até agora nos chamavam a atenção. Sapopemba, que passou Brasilândia com 256 óbitos, Brasilândia, com 251, e depois o Grajaú”, afirma Aparecido.

Com a investigação da Prefeitura, os bairros em que houve a maior mortalidade foram Iguatemi, Guaianases, Lajeado, Jardim Helena, Brasilândia, Cachoeirinha, que em nenhum momento apareceu. Com o novo método entraram no ranking Sé e Brás. 

“A mortalidade proporcional é um outro ingrediente fundamental produzido pelo questionário do inquérito que vai nos permitir identificar em cada distrito da cidade quais foram as comorbidades que se associaram à covid, qual é a realidade específica de cada um desses diretórios e sobre o que a atenção básica de saúde vai ter que se debruçar e fazer a partir deste momento”, afirma o secretário. 

Edição: Leandro Melito