GENOCÍDIO INFANTIL

Volta às aulas pode aumentar mortalidade de crianças por covid-19, diz especialista

Epidemiologista calcula morte de aproximadamente 17 mil estudantes abaixo de 5 anos se escolas reabrirem as portas

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Para epidemiologista da USP, o número de novas infecções pode quadruplicar em 15 dias - Foto: Arquivo/EBC

O professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da USP, Eduardo Massad, calculou que a retomada das aulas em agosto pode aumentar o número de casos de Covid-19 em crianças e elevar muito a mortalidade. Segundo ele, o número de novas infecções pode quadruplicar em 15 dias.

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"Nós temos no Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus circulando por aí. Se você abrir, agora no começo de agosto, mesmo usando máscara e respeitando os dois metros de distância, só no primeiro dia de aula já vamos ter 1700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar e vai quadruplicar depois de 15 dias. Abrir as escolas agora e genocídio”, afirma.

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Pelos cálculos do epidemiologista, o número de mortes de crianças abaixo de 5 anos até agora foi de pouco mais de 300, pode chegar a 17 mil até o final do ano com o retorno das aulas presenciais.

Já a pesquisadora da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Beatriz Kira, lembra que o impacto das escolas fechadas tem sido maior para estudantes de renda mais baixa, e que é preciso colocar em prática políticas públicas que ajudem a reduzir as desigualdades do ensino à distância.

"O fechamento das escolas afeta desproporcionalmente alunos que não têm acesso a materiais e alternativas de ensino. Não estou dizendo que tem que abrir ou fechar, mas há várias questões que os formuladores de políticas públicas devem levar em consideração na hora de tomar essas decisões difíceis".  

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No estado de São Paulo, as aulas presenciais estão programadas para recomeçar em setembro. Segundo o secretário-executivo do Comitê de Contingência para o Coronavírus, João Gabbardo, o risco do retorno às aulas é relativo.

"Esse risco é considerado intermediário. O número de casos em crianças é muito pequeno e quando ocorrem são geralmente casos leves. Evidente que uma criança pode ter doenças respiratórias que podem complicar na presença do vírus. Mas são casos esporádicos, não é a regra", afirma. 

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Além de São Paulo, outros oito estados e o Distrito Federal estão prevendo retomar as aulas presenciais entre agosto e setembro deste ano.